São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 2005

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FUTEBOL

Pelo triênio 2006-2008, clubes que disputam a Série A do Brasileiro receberão no mínimo R$ 707,7 milhões da Globo

Acordo deixa C13 mais dependente da TV

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo contrato de transmissão do Campeonato Brasileiro, válido de 2006 a 2008, aumenta o volume de dinheiro recebido antecipadamente pelos clubes e torna-os mais dependentes financeiramente da TV Globo. A emissora ainda ganhou o direito de interromper os pagamentos no caso de a competição sofrer paralisações.
Obtidos pela Folha, os sete contratos firmados entre a Globo e o Clube dos 13 são a principal fonte de renda dos times e foi assinado no início deste ano. Por três edições da competição, a emissora se comprometeu a pagar R$ 707,7 milhões, no mínimo, mais percentuais sobre os ganhos com pay-per-view e outros produtos.
Desse total garantido, os clubes receberão antecipadamente R$ 115,25 milhões, antes do começo do Brasileiro de 2006. Só pelos direitos da TV aberta as equipes da Série A ganharão R$ 93 milhões.
Essa prática já era verificada anteriormente, mas em menor volume. No acordo do triênio 2003-05, a Globo adiantou R$ 76 milhões antes da primeira temporada.
Com isso, há redução do valor a ser recebido nos anos finais.
Nos três meses finais da temporada de 2008, somando os ganhos com TVs aberta e fechada, os clubes receberão R$ 142,2 milhões, cerca de 30% a menos do que o valor acertado -pela progressão do contrato, esse ano geraria a maior remuneração.
Isso pesa na hora da renovação do contrato, pois os clubes têm de acertar novo acordo para cobrir meses em branco. Mas o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, entende que isso não deixa os times dependentes da Globo.
"Trabalhamos no regime de caixa, que paga mensalmente. Portanto há uma defasagem de quatro meses da competição", declarou o dirigente. "Sempre aconteceu isso [as antecipações]. Mas há um pagamento do pay-per-view que vai entrar mais tarde."
O dinheiro do pay-per-view, porém, não é tão volumoso, nem certo como o dos contratos de TVs aberta e por assinatura.
Além disso, a Globo ganhou outra forma de pressão.
O parágrafo quarto da quarta cláusula estabelece que "a hipótese de não-realização de qualquer temporada da competição ou parte dela, por qualquer motivo alheio à vontade da Globo, acarretará na suspensão do pagamento". Essa possibilidade não existia pelo acordo anterior.
"Se não entregar o produto é evidente que tem de parar de pagar", justificou Koff.
A Globo mantém o poder sobre o formato e a tabela do Brasileiro, que têm de ser pré-aprovados por ela em 120 dias.
A emissora já manifestou posição favorável ao mata-mata, em detrimento do atual sistema de pontos corridos bancado pela CBF, que também é obrigada a ter o aval global nas decisões sobre esses dois itens.
Em duas cláusulas, a emissora deixa em aberto a possibilidade de mudança da fórmula da competição. Nestes itens, está especificado que os valores teriam de ser renegociados caso acontecesse uma alteração de formato.

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