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Vice-presidente do Clube dos 13, dirigente ataca governador, televisão, agride jornalista e toca feridos de campo
Eurico vira o protagonista de sua "criação"
DO ENVIADO AO RIO
E DA SUCURSAL DO RIO
O deputado federal Eurico Miranda, presidente eleito do Vasco
e vice-presidente do Clube dos 13,
acabou virando o grande protagonista da Copa João Havelange,
versão 2000 do Brasileiro criada
exatamente pela entidade que
reúne os grandes times do país.
O dirigente, ensopado de suor e
agredindo jornalista, entrou no
campo após a queda de grades e
torcedores em São Januário cercado por cerca de 20 policiais militares -alguns torcedores se revoltaram contra ele.
"Quem manda aqui sou eu", dizia o dirigente, que, em vez de
acudir os torcedores feridos no
gramado, buscava mais tirá-los de
campo para reiniciar a partida.
"Se você pode andar, cai fora. Se
não pode andar, fica aí", disse o
dirigente vascaíno aos torcedores.
Esbaforido, dava ordens a todos
que o cercavam, tentando mostrar que resolveria o problema e
retomaria a partida.
"Vem cá, meu filho, vai para lá",
disse a um garoto sentado no
chão à espera de atendimento.
Revoltado com a possibilidade
de o jogo não continuar, como
queria o time do São Caetano,
passou a atacar os torcedores
paulistas, que ele nem deixou ter
acesso ao estádio ontem.
"O que os paulistas estão falando? Não tem nenhum paulista
aqui", declarou Eurico Miranda,
que elogiou o trabalho de segurança e de socorro destacado para
a decisão de ontem.
Ele ameaçou jornalistas que lhe
faziam perguntas incômodas.
"Se isso tivesse ocorrido no
campo do São Caetano, o jogo
continuaria?", perguntou um repórter do "Jornal dos Sports", que
é do Rio de Janeiro.
"Você é um idiota", berrou Eurico, partindo para agredir o jornalista, que se esquivou.
Como não o alcançava, o dirigente vascaíno incitou um linchamento. "Pega ele, pega", ordenava
aos seguranças do Vasco e PMs
que o cercavam.
Apesar de levar alguns safanões,
o repórter conseguiu escapar.
Em meio à confusão no estádio
de São Januário ontem, o dirigente falou que a Rede Globo estaria
querendo o adiamento da partida. ""Vai dar problema para a televisão. Tem emissora que está com
medo do que vai acontecer com
sua programação", disse.
Eurico, que já havia cancelado
uma partida nas semifinais contra
o Cruzeiro -o jogo passou de
quinta-feira para sábado para os
jogadores do Vasco não atuarem
duas vezes em menos de 48 horas-, tentou intimidar o árbitro
Oscar Roberto Godoi, para que
ele desse prosseguimento ao jogo.
"A segurança está à altura da
partida. Os socorristas estão à altura", disse o dirigente vascaíno.
Quando uma ordem do governador do Rio, Antony Garotinho,
para cancelar a partida foi anunciada, Eurico protestou e atacou
com veemência o político.
"O governador é um frouxo, incompetente. Ele manda no coronel (militar destacado para cuidar da segurança do estádio), não
manda no Vasco. Ele fica num gabinete com ar condicionado, fazendo preces para Jesus", disse.
Eurico disse que o coronel responsável pela segurança do estádio deu condições de jogo e que
Godoi estaria decidido a realizar a
partida, mas a ordem de Garotinho mudou os planos do juiz.
O dirigente deve ser processado
agora pelo Estado.
Eurico defendia que os torcedores presentes ao estádio queriam a
continuidade da partida. ""A massa quer o jogo", disse.
O líder vascaíno autorizou queima de fogos ontem e a entrada
dos jogadores em campo após a
partida ter sido cancelada para
comemorar o título da Copa JH.
O dirigente não tem intenção de
realizar outra partida, uma vez
que entende que o Vasco é campeão -o 0 a 0 daria o título do
torneio ao clube carioca.
"O Vasco já tinha sido campeão
em Minas Gerais, contra o Cruzeiro. O jogo hoje foi só formalidade.
Acho que eles nunca mais voltarão a jogar com o Vasco", disse,
menosprezando o São Caetano.
A Copa JH teve a presença firme
de Eurico Miranda em seu nascimento e epílogo.
(FV, RGO e SR)
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