São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 2000

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+ ESPORTE SAÚDE

HC irá analisar corredores idosos que completarem a São Silvestre

DA REPORTAGEM LOCAL

O Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas irá acompanhar durante um ano o estado de saúde dos cem primeiros corredores da terceira idade que completarem a Corrida de São Silvestre. Os resultados dos exames dos atletas serão comparados com os de outro grupo, também de cem idosos, que não praticam atividades físicas com regularidade.
O objetivo do estudo, segundo o presidente do Conselho Diretor do Instituto, Marco Amatuzzi, será "traçar um perfil, inédito no país, dos atletas da terceira idade". Amatuzzi ressalta que uma pessoa com mais de 60 anos que consegue completar os 15 km de prova constitui um "padrão físico interessante", que pode servir de base para pesquisas que visem a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos da terceira idade.
A pesquisa, coordenada pelo geriatra Luiz Eugenio Garcez, será realizada no Laboratório de Estudos do Movimento do Instituto. Os médicos pretendem realizar os primeiros exames até fevereiro. Os mesmos testes serão feitos com uma amostragem dos dois grupos após seis meses e, ao final de 2001, repetidos com todos os indivíduos.
"Daqui a um ano iremos comparar, além dos exames específicos, quem teve mais problemas de saúde ou quais pessoas tiveram mais quedas, por exemplo", afirmou Garcez.
A equipe do laboratório faz questão de não adiantar nenhuma conclusão. "A lógica sugere -nós só poderemos comprovar isso ao final do estudo- que os idosos têm benefícios ao realizar atividades físicas. Um idoso atleta sofre menos de depressão e tem maior capacidade de memória", diz o geriatra.
Os benefícios para a mente serão apontados por meio de consultas geriátricas com cada idoso, medindo-se a capacidade de memória e de integração espacial. No caso da depressão, há um questionário com 15 perguntas, obedecendo uma padronização internacional, que permite fazer o diagnóstico.
A constatação de alguns malefícios também são previsíveis. O principal deles seriam as microfraturas por estresse.
O objetivo da pesquisa não é recomendar ou contra-indicar uma corrida como a São Silvestre aos idosos. Segundo o cardiologista Alfredo Fonseca, responsável pelos testes de resistência física, uma pessoa não precisa ser atleta para ter os seus fatores de risco reduzidos. "Uma atividade física moderada, como caminhadas diárias, pode ser suficiente."
O instituto pretende avaliar os 50 primeiros corredores da terceira idade a completarem as provas feminina e masculina. Além deles, todos os atletas acima de 80 anos que cruzarem a linha de chegada serão convidados a participar do projeto (no ano passado, quatro corredores acima dessa idade conseguiram chegar ao final da prova).
Caso não encontrem as 50 idosas previstas (na edição de 1999 apenas 38 corredoras com mais de 60 anos completaram a corrida), os médicos analisarão uma quantidade maior de homens.
Já o grupo de controle será escolhido de forma aleatória, valendo-se inclusive dos vários idosos que visitam o Hospital das Clínicas como acompanhantes de pacientes.
Os exames servirão também para aprimorar os métodos de treinamento dos atletas -um dos aparelhos mostrará como cada idoso pisa ao correr. Além da consulta geriátrica, serão feitas análises da densidade óssea (para detectar eventuais perdas de cálcio) e da composição corpórea (porcentagens de gordura e massa muscular do organismo). Na parte esportiva, serão realizados testes de avaliação metabólica, cardiorrespiratória e potência muscular.

E-mail - mais.esporte@uol.com.br



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