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+ ESPORTE SAÚDE
HC irá analisar corredores idosos que completarem a São Silvestre
DA REPORTAGEM LOCAL
O Instituto de Ortopedia e
Traumatologia do Hospital das
Clínicas irá acompanhar durante um ano o estado de saúde dos
cem primeiros corredores da
terceira idade que completarem
a Corrida de São Silvestre. Os resultados dos exames dos atletas
serão comparados com os de
outro grupo, também de cem
idosos, que não praticam atividades físicas com regularidade.
O objetivo do estudo, segundo
o presidente do Conselho Diretor do Instituto, Marco Amatuzzi, será "traçar um perfil, inédito
no país, dos atletas da terceira
idade". Amatuzzi ressalta que
uma pessoa com mais de 60
anos que consegue completar os
15 km de prova constitui um
"padrão físico interessante", que
pode servir de base para pesquisas que visem a melhoria da
qualidade de vida dos indivíduos da terceira idade.
A pesquisa, coordenada pelo
geriatra Luiz Eugenio Garcez,
será realizada no Laboratório de
Estudos do Movimento do Instituto. Os médicos pretendem
realizar os primeiros exames até
fevereiro. Os mesmos testes serão feitos com uma amostragem
dos dois grupos após seis meses
e, ao final de 2001, repetidos com
todos os indivíduos.
"Daqui a um ano iremos comparar, além dos exames específicos, quem teve mais problemas
de saúde ou quais pessoas tiveram mais quedas, por exemplo",
afirmou Garcez.
A equipe do laboratório faz
questão de não adiantar nenhuma conclusão. "A lógica sugere
-nós só poderemos comprovar isso ao final do estudo- que
os idosos têm benefícios ao realizar atividades físicas. Um idoso
atleta sofre menos de depressão
e tem maior capacidade de memória", diz o geriatra.
Os benefícios para a mente serão apontados por meio de consultas geriátricas com cada idoso, medindo-se a capacidade de
memória e de integração espacial. No caso da depressão, há
um questionário com 15 perguntas, obedecendo uma padronização internacional, que
permite fazer o diagnóstico.
A constatação de alguns malefícios também são previsíveis. O
principal deles seriam as microfraturas por estresse.
O objetivo da pesquisa não é
recomendar ou contra-indicar
uma corrida como a São Silvestre aos idosos. Segundo o cardiologista Alfredo Fonseca, responsável pelos testes de resistência física, uma pessoa não
precisa ser atleta para ter os seus
fatores de risco reduzidos.
"Uma atividade física moderada, como caminhadas diárias,
pode ser suficiente."
O instituto pretende avaliar os
50 primeiros corredores da terceira idade a completarem as
provas feminina e masculina.
Além deles, todos os atletas acima de 80 anos que cruzarem a linha de chegada serão convidados a participar do projeto (no
ano passado, quatro corredores
acima dessa idade conseguiram
chegar ao final da prova).
Caso não encontrem as 50 idosas previstas (na edição de 1999
apenas 38 corredoras com mais
de 60 anos completaram a corrida), os médicos analisarão uma
quantidade maior de homens.
Já o grupo de controle será escolhido de forma aleatória, valendo-se inclusive dos vários
idosos que visitam o Hospital
das Clínicas como acompanhantes de pacientes.
Os exames servirão também
para aprimorar os métodos de
treinamento dos atletas -um
dos aparelhos mostrará como
cada idoso pisa ao correr. Além
da consulta geriátrica, serão feitas análises da densidade óssea
(para detectar eventuais perdas
de cálcio) e da composição corpórea (porcentagens de gordura
e massa muscular do organismo). Na parte esportiva, serão
realizados testes de avaliação
metabólica, cardiorrespiratória
e potência muscular.
E-mail - mais.esporte@uol.com.br
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