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BASQUETE
Feliz ano velho
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Se assombra nos lances do
jogo, tantas as possibilidades
de desenho, o basquete não costuma surpreender no desfecho do
jogo. É um esporte transparente.
O time mais alto, forte, ágil e habilidoso quase sempre triunfa.
Mas o sistema dos campeonatos
de vez em quando afronta essa lógica, anima as coisas.
Nos EUA, por exemplo, disputa-se até quatro partidas por semana. A massacrante rotina de treino-jogo-viagem inviabiliza os
ajustes. Assim, como acontece nas
Copas do Mundo de futebol, é
muito frequente uma equipe ou
um jogador desandar, esquecer o
prumo, perder o eixo.
É o caso do Los Angeles Lakers,
potência que nos últimos anos dominou o torneio mais acirrado do
mundo e que hoje parece clamar
aos fãs pelo tiro de misericórdia.
A equipe californiana ocupa a
20ª colocação entre os 29 participantes da NBA, com somente 13
vitórias depois de 32 rodadas,
uma campanha ainda mais patética do que a de times patéticos
como Atlanta e Washington.
O aproveitamento, 40%, é idêntico ao do vizinho, os Clippers,
eterno saco de pancadas da liga.
Não chega à metade do índice do
Dallas (86%), o líder na tabela.
Se o início claudicante (3v e 9d)
já era esperado, dada a ausência
por contusão de Shaquille O'Neal,
o torcedor não previu que o desempenho seguiria medíocre (10v
e 10d) depois da volta dele. Nem
que fosse justamente o superpivô
o responsável pelo "engasgo".
O'Neal nunca foi um jogador
completo na marcação. Seus mais
de 140 kg atrasam-lhe na volta
para a quadra defensiva, deixando sua equipe exposta a contra-ataques. Essa fenda foi explorada
pelo Houston de Hakeem Olajuwon, que apostou corrida contra
o Orlando, de O'Neal, na decisão
do campeonato de 94/95.
No torneio passado, a admirável máquina ofensiva do Sacramento mostrou que o gigante
também não marca o "pick and
roll". Para guardar energias, ele
geralmente sabota as rotações
que a defesa deve executar para
acompanhar os corta-luzes.
Ao longo da trajetória do tricampeonato, os Lakers desdobraram-se para cobrir esses buracos.
Mas a conta ficou salgada demais
neste fim de ano, talvez porque os
coadjuvantes já sintam o peso da
idade -Rick Fox tem 33 anos;
Robert Horry, 32; Brian Shaw, 36.
Isso fica evidente pelos tiros de
três pontos. Agrupado em torno
de O'Neal sob o aro, o time permite mais de seis cestas de longa distância por jogo, um crescimento
de 30% em relação a 01/02.
Desde que O'Neal voltou, os adversários acertaram mais de 42%
dos arremessos desse tipo. Um vexame. Basta lembrar que apenas
12 dos mais de 400 jogadores da
NBA possuem tal precisão.
Na última temporada, os Lakers exibiam a melhor defesa em
FG% (precisão nos arremessos).
Em 02/03, ficam em 15º. Se possuíam a 9ª defesa menos vazada,
agora têm a 22ª (96,9 pontos).
Reconstruir o sistema de marcação encabeça a lista de resoluções de fim de ano do técnico Phil
Jackson. Ele precisará de todo o
arsenal zen-budista para destruir
a barreira psicológica que tomou
conta da equipe. Não será fácil.
Se consideradas as "notas de
corte" históricas, os Lakers terão
de ganhar 30 das 50 partidas restantes para avançar aos playoffs,
40 para mandar em seu ginásio o
primeiro "round" dos mata-matas e 50 para repetir a classificação do campeonato passado.
NBA 1
Finalmente o brasileiro poderá ver Nenê em ação. A ESPN International transmite na noite desta sexta-feira o jogo Denver x Seattle.
NBA 2
Mas não espere muito. A direção do Denver fez (e faz) de tudo para
que o time de Nenê acabe na lanterna, o que ampliaria suas chances de "draftar" o fenômeno adolescente LeBron James em 2003.
NBA 3
Quer ficar por dentro da liga e não lê inglês? Confira o jovem site
www.rebote.blogspot.com, diário minucioso, nada deslumbrado.
CQD
"Quero checar se está mesmo tudo certo para que Lula assuma a
seleção tão logo Hélio Rubens saia." O bom Noel esperou a sua semana e atendeu à indagação-pedido da coluna de 22 de janeiro.
E-mail melk@uol.com.br
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