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BOXE
E se...
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Senti seus golpes no quarto, quinto e sétimo assaltos. Não entendi porque desperdiçou a chance de me nocautear."
Esse foi o comentário de Diego
"Chico" Corrales sobre a sua vitória sobre o brasileiro Popó, 29.
Segundo o anunciador de ringue Jimmy Lennon, da Showtime
e que trabalhou na última programação de Popó, em SP, isso lhe
foi confidenciada por Corrales
durante um bate-papo informal.
Ou seja, o próprio Corrales admite que Popó chegou perto de
uma vitória. E a deixou escapulir.
Quem nega que tal momento
foi o mais marcante para o boxe
brasileiro no ano que termina?
Mesmo após o fim de sua carreira, Popó deverá se lembrar do que
Corrales reconhece agora e se perguntar: "O que teria acontecido
se...". O resultado poderia ter sido
o mesmo, mas também poderia
ter vencido. Nunca vai descobrir.
Hoje o baiano reconhece que a
tática que adotou no combate foi
errada, apesar de tê-la defendido
no pós-derrota. É um bom sinal.
"Fui eu que escolhi lutar daquele jeito, não foi culpa de Oscar
Suarez ou de Ulisses Pereira [seus
treinadores]", disse o baiano sobre o fato de ter evitado a briga
franca, optando por bater e sair.
Na verdade, não importa mais
quem definiu tal estratégia, mas
lembre que, depois da derrota para Corrales, o brasileiro apresentou um rosário de desculpas.
Seu principal argumento de defesa foi o de que vinha ganhando
o combate por pontos. Mas devia
saber que era impossível manter
aquele ritmo alucinante por muito tempo. É preciso lembrar sempre que a luta tem 12 assaltos.
Em um segundo momento, até
a lona foi responsabilizada pela
derrota. Popó explicou que treinou em ringue de superfície dura
e "sentiu" por ter lutado em um
ringue de superfície mais macia.
Meses após a derrota, muita
gente agora diz acreditar que o
boxeador baiano perderia de
Corrales de qualquer jeito. Não
importa a tática que adotasse.
Porém até os críticos mais pessimistas concordam que Popó teria
maximizado suas chances de vitória caso tivesse partido para a
briga franca. Para eles, teria sido
uma tática suicida, mas que representaria ao menos uma chance de Popó derrubar Corrales.
De uma certa maneira, por seus
comentários no início desta coluna, até o norte-americano concorda com essa afirmação.
Para mim, Popó não só teria
aumentado suas chances como
provavelmente teria vencido se tivesse brigado com Corrales.
Apesar de Corrales ter a mão
pesada, seu queixo não é dos mais
confiáveis. Prova disso é que o
americano caiu ao enfrentar o
compatriota Floyd Mayweather e
o cubano Joel Casamayor (nenhum é conhecido pela pegada).
Sim, é legal ter mais recursos,
saber bailar (para o caso de necessidade), mas nunca abandonar suas melhores qualidades ou
características -no caso de Popó
a pressão, a pegada. Foi exatamente isso que fez com Corrales.
Se aprendeu com seus erros, Popó tem excelentes chances de em
2005 ganhar novo cinturão, o dos
leves da Federação Iinternacional
de Boxe. Julio Diaz é um campeão
vulnerável. Mas não vai ser fácil.
No sofá 1
Em sua terceira temporada, o primeiro episódio do "Boxeo de Oro"
de 2005 traz o encontro entre os médios David Lopes (MEX) e Fulgencio Zuniga (COL). Apesar do cartel de 23 vitórias e 12 derrotas,
Lopes tem surpreendido, com vitórias por nocaute sobre o ex-campeão Lonnie Bradley e a promessa Jerson Ravelo. Também bateu o
veterano Kirino Garcia. Na preliminar, o supergalo olímpico Abner
Mares (MEX) faz sua estréia profissional. A programação será transmitida ao vivo para o Brasil na madrugada de sexta pela HBO Plus.
No sofá 2
Outro combate confirmado pelo canal de TV a cabo, para 29 de janeiro, é o entre os meio-médios-ligeiros Arturo Gatti (CAN) e Jesse
James Leija (EUA). Gatti já foi protagonista de várias "lutas do ano".
E-mail eohata@folhasp.com.br
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