São Paulo, sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

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BOXE

E se...

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Senti seus golpes no quarto, quinto e sétimo assaltos. Não entendi porque desperdiçou a chance de me nocautear."
Esse foi o comentário de Diego "Chico" Corrales sobre a sua vitória sobre o brasileiro Popó, 29.
Segundo o anunciador de ringue Jimmy Lennon, da Showtime e que trabalhou na última programação de Popó, em SP, isso lhe foi confidenciada por Corrales durante um bate-papo informal.
Ou seja, o próprio Corrales admite que Popó chegou perto de uma vitória. E a deixou escapulir.
Quem nega que tal momento foi o mais marcante para o boxe brasileiro no ano que termina?
Mesmo após o fim de sua carreira, Popó deverá se lembrar do que Corrales reconhece agora e se perguntar: "O que teria acontecido se...". O resultado poderia ter sido o mesmo, mas também poderia ter vencido. Nunca vai descobrir.
Hoje o baiano reconhece que a tática que adotou no combate foi errada, apesar de tê-la defendido no pós-derrota. É um bom sinal.
"Fui eu que escolhi lutar daquele jeito, não foi culpa de Oscar Suarez ou de Ulisses Pereira [seus treinadores]", disse o baiano sobre o fato de ter evitado a briga franca, optando por bater e sair.
Na verdade, não importa mais quem definiu tal estratégia, mas lembre que, depois da derrota para Corrales, o brasileiro apresentou um rosário de desculpas.
Seu principal argumento de defesa foi o de que vinha ganhando o combate por pontos. Mas devia saber que era impossível manter aquele ritmo alucinante por muito tempo. É preciso lembrar sempre que a luta tem 12 assaltos.
Em um segundo momento, até a lona foi responsabilizada pela derrota. Popó explicou que treinou em ringue de superfície dura e "sentiu" por ter lutado em um ringue de superfície mais macia.
Meses após a derrota, muita gente agora diz acreditar que o boxeador baiano perderia de Corrales de qualquer jeito. Não importa a tática que adotasse.
Porém até os críticos mais pessimistas concordam que Popó teria maximizado suas chances de vitória caso tivesse partido para a briga franca. Para eles, teria sido uma tática suicida, mas que representaria ao menos uma chance de Popó derrubar Corrales.
De uma certa maneira, por seus comentários no início desta coluna, até o norte-americano concorda com essa afirmação.
Para mim, Popó não só teria aumentado suas chances como provavelmente teria vencido se tivesse brigado com Corrales.
Apesar de Corrales ter a mão pesada, seu queixo não é dos mais confiáveis. Prova disso é que o americano caiu ao enfrentar o compatriota Floyd Mayweather e o cubano Joel Casamayor (nenhum é conhecido pela pegada).
Sim, é legal ter mais recursos, saber bailar (para o caso de necessidade), mas nunca abandonar suas melhores qualidades ou características -no caso de Popó a pressão, a pegada. Foi exatamente isso que fez com Corrales.
Se aprendeu com seus erros, Popó tem excelentes chances de em 2005 ganhar novo cinturão, o dos leves da Federação Iinternacional de Boxe. Julio Diaz é um campeão vulnerável. Mas não vai ser fácil.

No sofá 1
Em sua terceira temporada, o primeiro episódio do "Boxeo de Oro" de 2005 traz o encontro entre os médios David Lopes (MEX) e Fulgencio Zuniga (COL). Apesar do cartel de 23 vitórias e 12 derrotas, Lopes tem surpreendido, com vitórias por nocaute sobre o ex-campeão Lonnie Bradley e a promessa Jerson Ravelo. Também bateu o veterano Kirino Garcia. Na preliminar, o supergalo olímpico Abner Mares (MEX) faz sua estréia profissional. A programação será transmitida ao vivo para o Brasil na madrugada de sexta pela HBO Plus.

No sofá 2
Outro combate confirmado pelo canal de TV a cabo, para 29 de janeiro, é o entre os meio-médios-ligeiros Arturo Gatti (CAN) e Jesse James Leija (EUA). Gatti já foi protagonista de várias "lutas do ano".

E-mail eohata@folhasp.com.br


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