São Paulo, segunda, 1 de março de 1999

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A carreira do presente e do futuro

THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

Desenvolver hardware, criar e implantar programas em empresas e administrar os sistemas para extrair deles o máximo. Para isso é preciso aprender a forma como o computador "pensa". Conhecer os conceitos básicos que norteiam a criação de qualquer programa e, assim, estar preparado para compreender as novidades que aparecem no mercado.
Preencher esses requisitos parece um projeto de vida ambicioso, mas quem consegue tem a recompensa de encontrar emprego facilmente e receber salários invejáveis. Mercado em expansão acelerada, a área de informática tem carência de profissionais que consigam extrair o máximo do relacionamento entre o hardware e o software.
A melhor forja desse tipo de profissional é a faculdade de ciência da computação. Os poucos cursos em escolas brasileiras (veja quadro nesta página) não suprem a necessidade do mercado no país. E no mundo. Estudo do instituto International Data Corporation mostra que os EUA precisam de mais 772 mil profissionais no setor este ano.
"A taxa de emprego dos nossos formandos é de 100%. Só fica desempregado aquele que deseja estender suas férias um pouco mais ou quer fazer uma pós-graduação", conta Carlos Eduardo Ferreira, coordenador do curso do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME-USP). "Há egressos do nosso curso trabalhando nas mais diversas áreas, incluindo hardware, produção de software básico, desenvolvimento de aplicativos para automação industrial e comercial, área administrativa, marketing e até mesmo na área acadêmica."
O grande número de autodidatas no mercado de informática, que é um mercado novo, preenche quadro de funcionários, mas deixa descobertas posições fundamentais nas empresas.
"A carência no setor é geral", avalia Caio Túlio Costa, diretor-geral do Universo Online (UOL) -serviço de acesso e informação na Internet dos grupos Folha e Abril. "Falta gente para criação de hardware, para bolar um chip, por exemplo. E pessoas capazes de desenvolver software e administrar os diferentes sistemas. Mais do que isso, falta quem possa congregar essas múltiplas capacidades e tenha uma visão editorial aplicada à Internet."
Alon Feuerwerker, diretor de publicidade e comércio eletrônico do UOL, aponta que esse profissional é vital para qualquer tipo de empresa. "Quem não atingir o máximo desempenho na relação com os consumidores e na vida interna de sua empresa fica em desvantagem. É preciso extrair esse desempenho da informática", diz.
O curso de ciência da computação quer dar a seus alunos uma sólida base conceitual de informática, sem ênfase em programas específicos. "O tipo de preparo dado pelo curso é muito raro, pois a preocupação por aí é cada vez maior em ensinar linguagens de programação e sistemas operacionais, que com o tempo acabam desaparecendo ou mudando, enquanto a base lógica e matemática ensina basicamente a pensar e a estar preparado para todo tipo de mudança", explica Reinaldo Lepsch Neto, 32, ex-aluno do IME-USP.
A preocupação não é formar apenas um profissional que o mercado quer "hoje", mas sim aquele que terá sucesso "amanhã". Os professores gostam de dizer que a ciência da computação ensina o aluno a aprender. Quem encara essa carreira deve ter consciência de que sua vida profissional implica estudar, ficar atualizado e aprender.
Antes da Internet, o mercado era mais segmentado. Cada empresa usava apenas programas específicos, recomendados para sua área de atuação. A rede integrou sistemas e tornou mais ágil a captação de novas tecnologias.
Conduzindo o estudo da informática de forma quase filósofica, a ciência da computação deixa o profissional mais apto a assimilar o lado mídia da Internet, "a encontrar novos meios de interagir", segundo Fábio Tagnin, gerente de tecnologia de publicidade eletrônica do UOL.



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