São Paulo, segunda, 1 de março de 1999

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Não há alternativa para o serviço militar

Dado Junqueira/Folha Imagem
Rodrigo Viana participou do programa de serviço militar no Colégio Anglo Latino, em São Paulo, feito em 98


RODRIGO DIONISIO
free-lance para a Folha

"Jovem, você que completa 18 anos em 99 deve procurar até o dia 30 de abril a Junta Militar mais próxima de sua casa e se alistar para o serviço militar." Essa convocação, que já está sendo veiculada no rádio e na TV, costuma, no mínimo, deixar muitos jovens inquietos. Para eles, havia a esperança do serviço alternativo. Porém as notícias não são nada animadoras.
O Comando Militar do Sudeste (CMSE) realizou no ano passado uma experiência de serviço militar alternativo em três escolas (duas particulares e uma federal) de São Paulo. Os 60 alunos voluntários do último ano do ensino médio cumpriram o serviço, fora do período de aula, por seis meses.
A iniciativa agradou os estudantes. "Nós fazíamos as aulas duas ou três vezes por semana, durante quatro horas. Só fomos fazer exercícios de campo no final do curso, ficamos dois dias acampados", conta Rodrigo Viana, 18, que participou do projeto.
Isso não significa que o serviço era uma moleza. "Durante o acampamento, um amigo meu teve de tomar um banho de lama porque desrespeitou um superior", lembra Viana. Sobre a continuidade desse projeto para este ano, o Exército informa não ter nada definido.
Já o tão falado serviço civil obrigatório como alternativa ao serviço no quartel foi aprovado no Senado e está tramitando na Câmara dos Deputados, sem prazo previsto para votação. Segundo a proposta, mulheres, eclesiásticos e os que alegarem imperativo de consciência para não prestar o serviço militar terão de desenvolver ações administrativas e de assistência social em comunidades carentes. Essa pode ser uma alternativa ao rígido sistema militar, mas acaba abrangendo mais gente.
Portanto, querendo ou não, a lei obriga que o jovem se apresente. O melhor então é ir informado sobre o que deverá mudar na sua vida.
O sujeito pode esquecer a possibilidade de conseguir um emprego, pois as empresas são proibidas de dispensar um funcionário durante o período de serviço militar e não costumam contratar quem está em idade de servir.
Esqueça também a escola ou faculdade. Durante dez meses ou até um ano (o período pode variar), o recruta fica a semana toda no quartel, fazendo exercícios físicos, aprendendo a manipular armas e a respeitar a rígida hierarquia militar. Ou seja: fica longe de casa e da comidinha da mamãe.
Confira nos quadros ao lado as características físicas exigidas pelas Forças Armadas e as possibilidades de dispensa do serviço.




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