São Paulo, segunda-feira, 01 de agosto de 2005

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Álvaro Pereira Júnior

MC5, o som da discórdia

Festival mundial Live 8. Alguns dos maiores astros da música pop se unem para ajudar países pobres do planeta. Causa à prova de críticas, certo?
De jeito nenhum, pelo menos se você ouvir Wayne Kramer, o lendário guitarrista do MC5, uma das bandas mais incendiárias de todos os tempos. "Que diferença fez o Live 8? Quase nenhuma. Na verdade, achei humilhante os países africanos verem aqueles roqueiros milionários posando de preocupados."
Kramer mandou essa farpa em conversa telefônica com "Escuta Aqui", na semana passada, já se preparando para vir tocar em São Paulo, dia 13, no festival Campari Rock.
O guitarrista Kramer, que vai fazer 58 anos, mantém a atitude iconoclasta do MC5, banda que durou de 1964 a 1972 e foi reformada há dois anos, com três dos músicos originais. Além dele, o baixista Michael Davis e o baterista Dennis Thompson (os outros dois, Rob Tyner e Fred "Sonic" Smith, morreram, respectivamente, em 1991 e 1994, ambos de ataque cardíaco).
Hoje, o MC5 se apresenta com vários cantores convidados. Quem deve vir ao Brasil é o figuraça Mark Arm, vocalista do Mudhoney, banda conterrânea e contemporânea do Nirvana. E mais um outro convidado especial, que Kramer não entrega: "Não vou dar nenhuma dica e ponto."
O MC5 levou às últimas conseqüências o envolvimento do rock com política. Eles tinham um guru intelectual, John Sinclair, fundador da organização radical Panteras Brancas (que se espelhava nos igualmente contestadores Panteras Negras, da Califórnia). O alvo, é claro, era o envolvimento americano na Guerra do Vietnã, assunto de enorme apelo entre os jovens da época.
Embora, ao longo dos anos, os músicos do MC5 tenham manifestado arrependimento por se meter tanto em política, Kramer diz agora que a música de sua banda nunca esteve tão atual. "O fascismo do governo Bush é do tipo que vem disfarçado, embrulhado na bandeira americana -mas é fascismo do mesmo jeito." E, para combater essa hipocrisia de estrelas e listras, nada melhor do que as canções do MC5.
"No palco, nosso desempenho é de alta energia. Nosso negócio é tocar ao vivo. Somos músicos de verdade, e não seguimos roteiros. Cada show é um show."
OK, Wayne. A gente fica na espera.

PLAY - "Sin City"
Já falei desse filme, que volta ao "play" porque estréia no Brasil. Todos os recursos técnicos do século 21 à disposição de histórias a serem contadas.

PLAY - "Employment", Kaiser Chiefs
Outro que já elogiei, e agora ganha novo "play" porque sai no Brasil. Da nova geração britânica -pior do que Bloc Party, melhor do que Libertines.

EJECT - "Acústico MTV Bandas Gaúchas"
Ganhou "eject" quando era só uma idéia, volta ao "eject" agora que é um pesadelo materializado.
Tortura.


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