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MÚSICA
Conheça os brasileiros que terão a ingrata tarefa de abrir os shows de PJ Harvey e Primal Scream, Libertines e 2manydjs
Eles não vêm nos ver
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Para muita gente, eles são como aqueles brindes nem sempre desejáveis
que acompanham uma grande compra -uma caneta ou um chaveiro, diriam
os maldosos. Nesta edição do Tim Festival,
três grupos brasileiros apostam suas fichas
em uma nova teoria: foi-se o tempo em que
assistir a bandas de abertura era perda de
tempo e dinheiro. Afinal, o público está lá
para ver o prato principal (ou não?).
Os brasileiros Picassos Falsos, Grenade e
Cansei de Ser Sexy são reis no circuito alternativo. Em comum, são os grupos que tocam antes das vedetes estrangeiras: PJ Harvey e Primal Scream, Libertines e
2manydjs, respectivamente. "Como somos
um time pequeno, podemos surpreender e
marcar um gol no contra-ataque", diz
Humberto Effe, o vocalista da legendária
banda Picassos Falsos.
Já Ana Rezende, guitarrista do Cansei de
Ser Sexy, confessa que já largou muito
show de abertura no meio do caminho. "O
Sean Lennon tocando antes do Sonic
Youth [Free Jazz de 2000] não dava... O cara era muito chato", diz. Mesmo assim, ela
já teve várias surpresas e sempre procura
conhecer coisas novas. Foi assim que ela se
interessou por bandas como Sigur Rós e
The Rapture. Por isso mesmo, Ana acredita
na variedade de públicos do festival. "Se o
cara que pagou para ver o 2manydjs achar
o nosso show chato, tudo bem. Eu mesma,
se acho uma banda de abertura ruim, vou
tomar uma cerveja e espero acabar", conta.
"Não acredito nessa história de banda de
abertura. Todas as bandas que tocarão no
festival são tratadas da mesma maneira",
diz Rodrigo Guedes, guitarrista e vocalista
do Grenade. Ele conta que tem recebido
muitos e-mails de fãs no site da banda, que
irão ao festival para assistir à apresentação
de sua banda. "O público independente
brasileiro está se sentindo representado
por nós e vai fazer questão de nos assistir."
Sorte do público e das bandas, já que a organização do festival não tem o hábito de
colocar grupos com públicos extremamente diferentes para tocar no mesmo dia.
Quem não se lembra da chuva de garrafas
que Carlinhos Brown levou quando tocou
antes do Guns N'Roses, no Rock in Rio 3?
"Festivais como esse têm o dever de apresentar trabalhos novos e mostrar o caldeirão de coisas que estão sendo produzidos",
afirma o vocalista do Picassos Falsos. "O
público que estará por ali, acredito, tem a
mente aberta para ouvir novos estilos. Eu,
por exemplo, gosto tanto da PJ Harvey
quanto gosto do Martinho da Vila."
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