São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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MÚSICA

Conheça os brasileiros que terão a ingrata tarefa de abrir os shows de PJ Harvey e Primal Scream, Libertines e 2manydjs

Eles não vêm nos ver

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Para muita gente, eles são como aqueles brindes nem sempre desejáveis que acompanham uma grande compra -uma caneta ou um chaveiro, diriam os maldosos. Nesta edição do Tim Festival, três grupos brasileiros apostam suas fichas em uma nova teoria: foi-se o tempo em que assistir a bandas de abertura era perda de tempo e dinheiro. Afinal, o público está lá para ver o prato principal (ou não?).
Os brasileiros Picassos Falsos, Grenade e Cansei de Ser Sexy são reis no circuito alternativo. Em comum, são os grupos que tocam antes das vedetes estrangeiras: PJ Harvey e Primal Scream, Libertines e 2manydjs, respectivamente. "Como somos um time pequeno, podemos surpreender e marcar um gol no contra-ataque", diz Humberto Effe, o vocalista da legendária banda Picassos Falsos.
Já Ana Rezende, guitarrista do Cansei de Ser Sexy, confessa que já largou muito show de abertura no meio do caminho. "O Sean Lennon tocando antes do Sonic Youth [Free Jazz de 2000] não dava... O cara era muito chato", diz. Mesmo assim, ela já teve várias surpresas e sempre procura conhecer coisas novas. Foi assim que ela se interessou por bandas como Sigur Rós e The Rapture. Por isso mesmo, Ana acredita na variedade de públicos do festival. "Se o cara que pagou para ver o 2manydjs achar o nosso show chato, tudo bem. Eu mesma, se acho uma banda de abertura ruim, vou tomar uma cerveja e espero acabar", conta.
"Não acredito nessa história de banda de abertura. Todas as bandas que tocarão no festival são tratadas da mesma maneira", diz Rodrigo Guedes, guitarrista e vocalista do Grenade. Ele conta que tem recebido muitos e-mails de fãs no site da banda, que irão ao festival para assistir à apresentação de sua banda. "O público independente brasileiro está se sentindo representado por nós e vai fazer questão de nos assistir."
Sorte do público e das bandas, já que a organização do festival não tem o hábito de colocar grupos com públicos extremamente diferentes para tocar no mesmo dia. Quem não se lembra da chuva de garrafas que Carlinhos Brown levou quando tocou antes do Guns N'Roses, no Rock in Rio 3?
"Festivais como esse têm o dever de apresentar trabalhos novos e mostrar o caldeirão de coisas que estão sendo produzidos", afirma o vocalista do Picassos Falsos. "O público que estará por ali, acredito, tem a mente aberta para ouvir novos estilos. Eu, por exemplo, gosto tanto da PJ Harvey quanto gosto do Martinho da Vila."


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