São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

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música

Chora, Amy Lee, chora

Repleto de canções pesadas, novo Evanescence vai te deixar triste

Divulgação
Amy Lee e seu Evanescence: ela revelou que só escreve música quando está deprê; também, com esse vestido...


ERIKA SALLUM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MIAMI

Compre já uma, ou melhor, duas caixas de lenços. Caso você seja do tipo que não dispensa um rímel nos olhos, então escolha uma marca à prova d'água. E se é da turma que acha chiquérrimo se vestir de preto e curtir uma bela fossa enquanto ouve música, aqui vai uma dica: o novo álbum da banda norte-americana Evanescence é um oceano de lágrimas.
"The Open Door" repete o estilo pop-rock-metal-meloso-meio-gótico (rótulo, aliás, que os fãs do grupo abominam) que tornou a banda liderada pela Amy Lee um fenômeno no mundo todo.
"Fallen", o primeiro disco do grupo formado em Little Rock, no Arkansas, vendeu mais de 14 milhões de cópias. Três anos depois, muito piano, guitarras, violino e, é claro, a doce voz de Amy marcam o novo trabalho.
Só pelo nome das músicas dá para sacar que a moça andava bem caidinha ao compor canções como "Lacrymosa" (nem precisa de tradução, né?), "Weight of the World" (peso do mundo) e "Lithium" (lítio, uma substância usada em tratamentos psiquiátricos).
O Folhateen bateu um papo com Amy sobre o novo trabalho na ensolarada Miami. Diferentemente de como costuma aparecer nos palcos, a cantora estava sem maquiagem, com uma saiona colorida e de ótimo humor.
 

FOLHATEEN - A banda passou por uns maus bocados recentemente. Vocês tiveram de trocar de empresário, o guitarrista Terry Balsamo teve um infarto, você terminou um namoro longo... Isso parece que ajudou na criação do novo álbum, não?
AMY LEE -
Sem dúvida, a má fase tornou o trabalho muito melhor. Se eu não tivesse passado por um longo e dolorido final de namoro enquanto estava criando o novo disco, acho que o resultado não seria tão intenso e atormentado. Acho que essa experiência me deu material para criar, alimentou a arte.

FOLHATEEN - Por que tanta tristeza nas suas músicas?
AMY -
Não tem jeito; é como as coisas funcionam para mim. Não acho que minha vida seja diferente da de outras pessoas, e dramas acontecem com todo mundo. Só que eu escrevo sobre minhas tristezas; é meu modo de superá-las, talvez.

FOLHATEEN - Às vezes não dá uma vontade de fazer algo mais alegre, escrever umas músicas um pouco mais animadas?
AMY -
Geralmente, quando eu me sinto feliz, não quero ficar sentada escrevendo música! Quero ir para a praia, me divertir (risos)! Se eu estou alegre, meu trabalho já era. A música é como uma terapia que me faz pensar no que aconteceu.

FOLHATEEN - Na sua opinião, por que tantos adolescentes curtem essas músicas tão pesadas?
AMY -
Comecei a escrever quando era teen. Adolescentes, em sua maioria, estão com os hormônios enlouquecidos; tudo fica meio maluco nessa fase. É a época mais intensa da vida. Era assim comigo: se eu estava triste, eu me sentia arrasada; se ficava alegre, parecia que ia explodir, era tudo meio exagerado, radical. E nossa música é radical, talvez por isso eles se identifiquem com a gente.

FOLHATEEN - Você disse em entrevistas que o novo álbum mostra um Evanescence mais maduro. Em que sentido?
AMY -
Em muitos sentidos. No começo da carreira, a gente estava tentando estabelecer nossa música. Ralávamos pra caramba para crescer. Era legal, mas cada música era trabalhada para ser um single, um sucesso. E hoje acho que esse não é o melhor jeito de fazer as coisas. Já nos estabelecemos, mostramos que tipo de música fazemos e agora nos sentimos mais livres para experimentar novos caminhos.

FOLHATEEN - Qual sua música favorita do novo álbum?
AMY -
Sem dúvida "Call Me When You're Sober". Nenhuma representa mais o espírito do disco que ela. É uma canção poderosa e triste, mas divertida ao mesmo tempo.

FOLHATEEN - Tem uma multidão de meninas que ficam imitando você por aí, que querem ser como você, se vestir igual. Isso não é um saco?
AMY -
Não estou tentando ser modelo para ninguém. Todo mundo comete erros, e eu também. Se agisse diferente, estaria mentindo para mim mesma. Acima de tudo, tento não pensar que tem gente se espelhando em mim para alguma coisa. Não estou tentando resolver os problemas de ninguém com a minha música, só os meus próprios. E já está bom até demais, né?


A jornalista Erika Sallum viajou a Miami a convite da SonyBMG

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