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São Paulo, segunda-feira, 03 de fevereiro de 2003

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Estudo vê a prática como uma forma de o veterano se vingar

DA REPORTAGEM LOCAL

Em vez de chicotes, mordaças e roupas de couro, os adeptos do sadomasoquismo resolvem aparecer portando tintas, barbeadores e um tanto de terror psicológico.
É o que constatou a pesquisa sobre os trotes aplicados em calouros de faculdades feita pelo professor Antônio Zuin, do departamento de educação da Universidade Federal de São Carlos.
Na avaliação de Zuin, existem explícitas práticas sadomasoquistas nesse ingresso à universidade. "Há o caso de uma aluna que saiu chorando de uma aula-trote e logo depois, quando tudo foi desmascarado, estava abraçando o falso professor que a tinha humilhado", diz.
Autor do livro "O Trote na Universidade: Passagens de um Rito de Iniciação", Zuin diz que essa relação de ligar sofrimento ao prazer pode se prolongar até para os pais: "Já ouvi mãe dizer que o trote com o filho tinha sido ameno, ela queria marcas que mostrassem o status do filho".
A soberba intelectual é, para ele, o principal motivo para a existência dos trotes, pois os alunos veteranos, que se julgam os donos da formação cultural, querem descarregar seus ressentimentos acumulados contra os professores, seus superiores, nos bichos que chegam seis meses ou um ano depois. "Os calouros chegam a combinar que, no ano seguinte, vão fazer pior com os próximos que vierem", afirma.
"Com o cavalo pode-se entender melhor o que é o trote. Não é um galope nem o andar normal, é só a forma de o superior se impor." (RICARDO LISBÔA)


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