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Estudo vê a prática como uma forma de o veterano se vingar
DA REPORTAGEM LOCAL
Em vez de chicotes, mordaças e
roupas de couro, os adeptos do
sadomasoquismo resolvem aparecer portando tintas, barbeadores e
um tanto de terror psicológico.
É o que constatou a pesquisa sobre os trotes aplicados em calouros
de faculdades feita pelo professor
Antônio Zuin, do departamento de
educação da Universidade Federal
de São Carlos.
Na avaliação de Zuin, existem explícitas práticas sadomasoquistas
nesse ingresso à universidade. "Há
o caso de uma aluna que saiu chorando de uma aula-trote e logo depois, quando tudo foi desmascarado, estava abraçando o falso professor que a tinha humilhado", diz.
Autor do livro "O Trote na Universidade: Passagens de um Rito de
Iniciação", Zuin diz que essa relação de ligar sofrimento ao prazer
pode se prolongar até para os pais:
"Já ouvi mãe dizer que o trote com
o filho tinha sido ameno, ela queria
marcas que mostrassem o status do
filho".
A soberba intelectual é, para ele, o
principal motivo para a existência
dos trotes, pois os alunos veteranos, que se julgam os donos da
formação cultural, querem descarregar seus ressentimentos
acumulados contra os professores, seus superiores, nos bichos
que chegam seis meses ou um
ano depois. "Os calouros chegam a combinar que, no ano seguinte, vão fazer pior com os
próximos que vierem", afirma.
"Com o cavalo pode-se entender melhor o que é o trote. Não é
um galope nem o andar normal,
é só a forma de o superior se impor."
(RICARDO LISBÔA)
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