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SEXO E SAÚDE
Excesso de acne faz garota perder a vontade de sair de casa
"Tenho uma irmã de
23 anos que tem
muitas espinhas. Ela
não gosta de sair
porque tem vergonha da sua pele. Já
fez um monte de tratamentos e está até
tomando hormônios
por orientação médica, mas nada
adianta. Ela quer
largar o serviço e ficar trancada dentro
de casa. Outro dia
ela disse que iria se
matar. O que faço?"
JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA
Muito legal você se preocupar com a saúde
da sua irmã. Sua atenção vai ser fundamental nessa fase difícil que ela está passando.
Você pode fazer a ponte entre ela e os profissionais que vão ajudá-la.
Tem gente que enfrenta as espinhas por um
tempo mais prolongado. Elas podem atravessar a adolescência e continuar a aparecer na
pele durante a vida adulta. Hoje existem substâncias potentes para inibir as glândulas que
levam ao aparecimento das espinhas.
Essas substâncias praticamente "secam" essas glândulas e diminuem a oleosidade. Antibióticos também podem ser usados para bloquear a ação das bactérias na pele.
Algumas meninas têm espinhas causadas
por um distúrbio hormonal, por exemplo, os
ovários policísticos (ovários cheios de pequenos cistos).
Eles acabam alterando a produção dos hormônios femininos e podem levar a ganho de
peso, aumento de pêlos no corpo, maior oleosidade na pele e o surgimento de espinhas.
Nesses casos, o médico pode usar hormônios
(como os das pílulas anticoncepcionais) para
tentar regular os ovários.
Em alguns casos, talvez o da sua irmã, as espinhas são mais rebeldes ao tratamento. Mesmo assim é fundamental que ele seja feito por
um tempo mais prolongado e sempre sob os
cuidados do dermatologista (especialista em
pele). Não pode desistir, não!
Agora, sua irmã parece estar precisando
também de um suporte emocional. Às vezes,
mesmo um problema estético pode atrapalhar, e muito, a cabeça das pessoas. Outras vezes, a pessoa já tem uma insegurança e uma
insatisfação tão grandes com ela mesma que
qualquer probleminha vira um tormento.
Ela pode até perder a dimensão do problema real (as espinhas) e se afundar em uma angústia paralisante, que dificulta qualquer movimento para a solução de dificuldades.
A pessoa não faz isso de propósito! Ela pode
estar com uma dificuldade emocional para lidar com perdas, com auto-imagem, com alterações corporais, com sua insegurança e por
aí vai. Quando essas sensações ficam muito
fortes, a gente pode até começar a desconfiar
de uma depressão.
Não dá para deixar sua irmã ficar sofrendo
desse jeito. Ela não pode largar o trabalho por
vergonha da sua pele e ficar trancada em casa.
Ela vai precisar de um apoio psicológico para superar essas dificuldades e até ganhar forças para lidar com o problema real.
Pode apostar que, com uma ajuda, ela sai
mais forte dessa crise. Converse com ela, tente
explicar a dimensão emocional do problema
dela e mostre que ela
precisa de ajuda.
Seu apoio é muito
importante!
Jairo Bouer, 37, é médico.
Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br
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