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São Paulo, segunda-feira, 03 de fevereiro de 2003

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SEXO E SAÚDE

Excesso de acne faz garota perder a vontade de sair de casa

"Tenho uma irmã de 23 anos que tem muitas espinhas. Ela não gosta de sair porque tem vergonha da sua pele. Já fez um monte de tratamentos e está até tomando hormônios por orientação médica, mas nada adianta. Ela quer largar o serviço e ficar trancada dentro de casa. Outro dia ela disse que iria se matar. O que faço?"

JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA

Muito legal você se preocupar com a saúde da sua irmã. Sua atenção vai ser fundamental nessa fase difícil que ela está passando. Você pode fazer a ponte entre ela e os profissionais que vão ajudá-la.
Tem gente que enfrenta as espinhas por um tempo mais prolongado. Elas podem atravessar a adolescência e continuar a aparecer na pele durante a vida adulta. Hoje existem substâncias potentes para inibir as glândulas que levam ao aparecimento das espinhas.
Essas substâncias praticamente "secam" essas glândulas e diminuem a oleosidade. Antibióticos também podem ser usados para bloquear a ação das bactérias na pele.
Algumas meninas têm espinhas causadas por um distúrbio hormonal, por exemplo, os ovários policísticos (ovários cheios de pequenos cistos).
Eles acabam alterando a produção dos hormônios femininos e podem levar a ganho de peso, aumento de pêlos no corpo, maior oleosidade na pele e o surgimento de espinhas. Nesses casos, o médico pode usar hormônios (como os das pílulas anticoncepcionais) para tentar regular os ovários.
Em alguns casos, talvez o da sua irmã, as espinhas são mais rebeldes ao tratamento. Mesmo assim é fundamental que ele seja feito por um tempo mais prolongado e sempre sob os cuidados do dermatologista (especialista em pele). Não pode desistir, não!
Agora, sua irmã parece estar precisando também de um suporte emocional. Às vezes, mesmo um problema estético pode atrapalhar, e muito, a cabeça das pessoas. Outras vezes, a pessoa já tem uma insegurança e uma insatisfação tão grandes com ela mesma que qualquer probleminha vira um tormento.
Ela pode até perder a dimensão do problema real (as espinhas) e se afundar em uma angústia paralisante, que dificulta qualquer movimento para a solução de dificuldades.
A pessoa não faz isso de propósito! Ela pode estar com uma dificuldade emocional para lidar com perdas, com auto-imagem, com alterações corporais, com sua insegurança e por aí vai. Quando essas sensações ficam muito fortes, a gente pode até começar a desconfiar de uma depressão.
Não dá para deixar sua irmã ficar sofrendo desse jeito. Ela não pode largar o trabalho por vergonha da sua pele e ficar trancada em casa.
Ela vai precisar de um apoio psicológico para superar essas dificuldades e até ganhar forças para lidar com o problema real.
Pode apostar que, com uma ajuda, ela sai mais forte dessa crise. Converse com ela, tente explicar a dimensão emocional do problema dela e mostre que ela precisa de ajuda.
Seu apoio é muito importante!


Jairo Bouer, 37, é médico.
Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br



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