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MÚSICA
Depois do mangue beat de Recife, bandas de Belém buscam inspiração nas raízes
Rock paraense assume identidade amazônica
AUGUSTO PINHEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Belém. Pará. Amazônia. Depois do movimento mangue beat de Recife, é nessa metrópole equatorial, com 1,2 milhão
de habitantes, que fervilha uma cena de
rock criativa, original, diversificada e que
bebe (ou não) em raízes do Norte.
São bandas como Cravo Carbono, Euterpia, O "L" do Caboco, Norman Bates,
Coisa de Ninguém, Homem sem Pecado,
Arcano 19, Ladyland e Delinquentes.
"Queremos refletir uma identidade
muito própria de Belém, do Pará, da
Amazônia", diz Lázaro Magalhães, vocalista da banda Cravo Carbono, cujo som
instigante utiliza ritmos regionais (com
influências indígenas e caribenhas), como as guitarradas, a cúmbia e o carimbó.
Outra banda que se preocupa com a
identidade do "homem paraense-amazônico", como define, é O "L" do Caboco. "Aqui no Pará vivemos em um mundo de imaginações, surreal. Desde crianças, estamos em contato com o imaginário amazônico e, por isso, construímos
uma consciência paralela", filosofa o vocalista Pablo Costa, autor da maioria das letras.
O som do grupo mistura rock pesado
com ritmos locais, como o carimbó
(mistura das culturas portuguesa, indígena e negra), e homenageia o trabalho
de Waldemar Henrique, compositor paraense que imprimiu o erudito-folclórico em suas canções.
O texto no encarte do CD, sobre identidade, realismo mágico, preconceito e
cultura, poderia ser o manifesto dessa cena amazônica caso a pluralidade não fosse outra de suas características.
Norman Bates, por exemplo, é uma
"guitar band", com um rock mais "puro", com influência apenas sutil da musicalidade local. "Nossos temas são universais, mas temos sotaque paraense. Há
batidas inspiradas no brega", diz o guitarrista Elielton Amador.
A banda Euterpia, cujo som a vocalista
Marisa Brito, 19, define como "inclassificável", faz um pop melódico e caleidoscópico, com letras poético-surrealistas.
Com uma verve mais revolucionária, a
banda Coisa de Ninguém usa a música
como munição política -seja contra a
Alca, seja criticando o massacre de Eldorado do Carajás. "A música é o instrumento para passar o que pensamos", diz
a vocalista Keila Monteiro.
Para ouvir as músicas "A Marcha" (Cravo Carbono),
"Arriba los que Luchan" (Coisa de Ninguém), "Chama(do) (O "L" do Caboco), "Cheia de Amor pra Down" (Norman Bates) e "Veneza" (Euterpia), ligue para 0/xx/11/3471-4000 e digite 4. O custo é
só o da ligação.
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