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São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

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MÚSICA

Depois do mangue beat de Recife, bandas de Belém buscam inspiração nas raízes

Rock paraense assume identidade amazônica

AUGUSTO PINHEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Belém. Pará. Amazônia. Depois do movimento mangue beat de Recife, é nessa metrópole equatorial, com 1,2 milhão de habitantes, que fervilha uma cena de rock criativa, original, diversificada e que bebe (ou não) em raízes do Norte.
São bandas como Cravo Carbono, Euterpia, O "L" do Caboco, Norman Bates, Coisa de Ninguém, Homem sem Pecado, Arcano 19, Ladyland e Delinquentes.
"Queremos refletir uma identidade muito própria de Belém, do Pará, da Amazônia", diz Lázaro Magalhães, vocalista da banda Cravo Carbono, cujo som instigante utiliza ritmos regionais (com influências indígenas e caribenhas), como as guitarradas, a cúmbia e o carimbó.
Outra banda que se preocupa com a identidade do "homem paraense-amazônico", como define, é O "L" do Caboco. "Aqui no Pará vivemos em um mundo de imaginações, surreal. Desde crianças, estamos em contato com o imaginário amazônico e, por isso, construímos uma consciência paralela", filosofa o vocalista Pablo Costa, autor da maioria das letras.
O som do grupo mistura rock pesado com ritmos locais, como o carimbó (mistura das culturas portuguesa, indígena e negra), e homenageia o trabalho de Waldemar Henrique, compositor paraense que imprimiu o erudito-folclórico em suas canções.
O texto no encarte do CD, sobre identidade, realismo mágico, preconceito e cultura, poderia ser o manifesto dessa cena amazônica caso a pluralidade não fosse outra de suas características.
Norman Bates, por exemplo, é uma "guitar band", com um rock mais "puro", com influência apenas sutil da musicalidade local. "Nossos temas são universais, mas temos sotaque paraense. Há batidas inspiradas no brega", diz o guitarrista Elielton Amador.
A banda Euterpia, cujo som a vocalista Marisa Brito, 19, define como "inclassificável", faz um pop melódico e caleidoscópico, com letras poético-surrealistas.
Com uma verve mais revolucionária, a banda Coisa de Ninguém usa a música como munição política -seja contra a Alca, seja criticando o massacre de Eldorado do Carajás. "A música é o instrumento para passar o que pensamos", diz a vocalista Keila Monteiro.


Para ouvir as músicas "A Marcha" (Cravo Carbono), "Arriba los que Luchan" (Coisa de Ninguém), "Chama(do) (O "L" do Caboco), "Cheia de Amor pra Down" (Norman Bates) e "Veneza" (Euterpia), ligue para 0/xx/11/3471-4000 e digite 4. O custo é só o da ligação.


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