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INTERNETS
Ronaldo Lemos - ronaldolemos09@gmail.com
Mas que droga é essa?
Não é novidade que a política de combate às drogas
precisa ser repensada. Um exemplo é o surgimento do "miau-miau" (mefedrona), nova droga
que produz efeitos semelhantes ao ecstasy e à cocaína.
Com uma diferença: é considerada legal na maioria dos
países e vendida principalmente pela internet, na forma
de pó ou de cápsula.
Sintetizada a partir de uma substância presente no
qat (planta comum na região entre a África e o Oriente
Médio), ela rapidamente se tornou popular nas baladas
europeias. Depois de relatos de gente hospitalizada e de
mortes, o governo inglês decidiu, enfim, incluir a substância na lista de drogas ilícitas.
A mefedrona chama a atenção para um fenômeno
maior, das "design drugs", drogas desenvolvidas especificamente para fugir das proibições existentes (mas
nem por isso menos nocivas). E a internet é o lugar certo
para encontrá-las. São inúmeros os sites especializados,
inclusive no Brasil, que entregam os produtos em casa,
até mesmo no dia seguinte ao pedido.
Isso mostra que a rede transformou profundamente
também a indústria das drogas, como fez com tudo
mais. Ela criou um mercado estável para que aprendizes
de química inventem novas substâncias. E multiplicou e
pulverizou canais de fornecimento. O resultado é o surgimento constante de novas drogas, tornando praticamente impossível qualquer resposta legal efetiva.
Nesse sentido, passam-se muitas vezes anos até que
uma nova substância seja estudada ou criminalizada. O
"miau-miau" foi proibido, mas são muitos os candidatos
a substituí-lo: flefedrona, bufedrona, MDVP, MDAI, desoxipipradrol e assim por diante.
Logo, tem razão a Comissão Brasileira sobre Drogas e
Democracia (cbdd.org.br ) quando propõe uma política
mais racional de combate às drogas, com ênfase na educação, na saúde pública e na redução de danos. E não
apenas na criminalização cega e inconsequente. Que,
diga-se, pouco adianta contra esses novos arranjos.
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