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02 NEURÔNIO
O dia da tortura... de novo!
JÔ HALLACK
NINA LEMOS
RAQ AFFONSO
COLUNISTAS DA FOLHA
Algumas coisas horríveis acontecem só uma
vez na vida (como o atentado ao World
Trade Center). Mas algumas, infelizmente,
acontecem todos os anos. Entre elas, está o
Dia dos Namorados (com escala de desgraça
que pode ser comparada à da noite de Natal).
Faltam nove dias para a hecatombe. E, de novo, você se vê às voltas com problemas do tamanho de um Boeing caindo na sua cabeça,
como: "Ai, não tenho ninguém" (esse é o
mais comum e um dos mais tristes) ou "Será
que dou ou não dou presente?" ou "Ai, que
saco, não quero gastar meu dinheiro com essa pessoa!".
Então, resolvemos dar dicas para você chegar bem ao Dia dos Namorados (apesar de
acharmos isso realmente impossível). Algumas, para os que estão em busca da sua cara-metade (ou de apenas uns beijos no dia 12). E
outras para as que estão querendo dar uma
despachada no namorado. Sim, existe quem
prefira passar o Dia dos Namorados sozinha
em vez de "mal acompanhada". Afinal, sozinhas elas não terão de comprar presentes. E
não correm o risco de ganhar um bichinho de
pelúcia e ouvir a frase "eu te amo, bem" de
um sujeito com olhar de cão vadio.
Sim, eu quero um namorado!
Finja que não quer um namorado. Afinal,
todo mundo sabe que, quando a gente quer
muito acaba não conseguindo nada. Finja
bem, até que você mesma fique convencida
disso!
Saia com as suas amigas, mas não saia num
grupão de dez mulheres. Afinal, é bem difícil
vocês encontrarem um outro grupão de dez
homens solteiros. E nenhum homem vai
abordar uma mulher que está no meio de outras nove. Use a famosa "tática do isolamento". É cafona, mas é hora de apelar!
Frequente chats de solteiros. Nós nunca fizemos isso, mas sabemos de gente que fez e está para casar.
Peça a suas amigas para fazerem "blind dates" com os amigos dos namorados. Mas peça
uma descrição detalhada antes. Afinal, esse papo de "o amor é cego" é coisa do passado!
Converse mais com as pessoas, incluindo os
passantes, os homens que sentam ao seu lado
no metrô e aquele meio estranho do seu trabalho.
Não, eu não quero um namorado!
1. Faça uma greve sexual.
2. Quando o seu namorado estranhar e
quiser conversar, fale que você odeia conversa
sobre relacionamento. Diga que está passando
por um momento íntimo, só seu. E que o problema não é com ele (isso é a melhor coisa para
deixar claro que o problema é com ele!).
3. No dia em que ele for para a sua casa,
convide cinco amigas para irem lá. E chame
uma que está com dor-de-cotovelo, para ela
contar toda a história. Juntas, vocês podem fazer unha e ver novela.
4. Se ele tocar no assunto "Dia dos Namorados", fale que acha a data um mero evento
consumista, uma farsa do Sindicato do Comércio.
5. Tenha ataques de ciúmes repentinos,
cobre, encarne a "rádio patroa". Mas cuidado:
alguns homens gostam disso.
Se você não estiver em nenhuma das situações anteriores (aí se encaixam as desiludidas,
as com preguiça de procurar um cara, as que
ainda sofrem por alguém, enfim, todas as pessoas com problemas realmente graves), tenha
um ataque de fúria em casa ouvindo "No Fun",
com os Sex Pistols, que diz: "Talvez eu possa
sair, talvez eu fique em casa, talvez eu ligue para a minha mãe, que saco andar sozinho apaixonado por ninguém". E pense que homem
não é solução. O que, aliás, é a mais pura verdade...
PS. E como somos maníacas pelo tema,
espere, pois, na semana que vem, faltarão dois
dias para o juízo final. Vamos nos repetir e escrever sobre a mesma coisa...
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