São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2000


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Iron Maiden lota show nos EUA, que tem público até para torneio de bambolê

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

Existe alguma coisa mais obtusa do que fã? Existe: fã do Iron Maiden. Chegaram dezenas de mensagens de protesto por eu ter escrito, na semana passada, que a banda era o Mister M do heavy metal, esquecida no exterior, mas ainda famosa no Brasil.
Foi o bastante para que me enviassem uma notícia de um site brasileiro (é ruim fã do Iron Maiden falar inglês) sobre um show esgotado do grupo no Madison Square Garden, em Nova York.
Loucos pelo Iron, entendam: o mercado americano é gigantesco. Tem espaço para tudo, e tudo lota. Até campeonato de bambolê.
Acontece que, nos EUA, o Iron Maiden tem um público
específico: saudosistas do heavy metal. Diferentemente do Brasil, onde imagina-se que Iron Maiden esteja na vanguarda do rock.
Esses brasileiros que gostam de metal melódico só não se declaram fãs de Leandro e Leonardo porque pega mal. Mas basta esperar um pouco. Daqui a pouco se casam, votam no Maluf e trocam as guitarras pelo sertanejo corno-manso, como diz o João Gordo.
 

O Folhateen publicou na semana passada texto de Bruno Gouveia, da banda Biquíni Cavadão, sobre uma coluna em que notei forte semelhança entre a música "Escuta Aqui", do grupo carioca, e "In Between Days", do grupo inglês Cure. Em resumo, Bruno disse que só tinha sabido da minha existência havia "algumas semanas" (portanto, o nome "Escuta Aqui", igual ao da coluna, é mera coincidência) e que sua música faz apenas "referência" ao som dos anos 80.
Como escrevi, músicas parecidas ou idênticas são uma constante no rock. O que não é constante são artistas como os do rock brasileiro, que se atribuem uma importância muito maior do que realmente têm e, acostumados a um contato dócil e promíscuo com a imprensa, revoltam-se ao menor sinal de crítica.
Convido o leitor a comparar o começo de "Escuta Aqui" com a introdução de "In Between Days". Por fim, se Bruno levou a sério minha breve menção de que o nome do disco de sua banda seria plágio da coluna, talvez não seja eu quem precise de análise, como ele diz.

Aguilera de língua de fora
O rapper que mais vende nos EUA, Eminem, grava uma música dizendo que o furacão teen Christina Aguilera fez sexo oral em Fred Durst, do grupo de rap metal Limp Bizkit. Fred aproveita e participa do clipe da moça. Aguilera nega tudo e se diz uma boa mocinha, mas posa com a língua de fora e calças arriadas na capa da "Rolling Stone". Às vezes, esse país é legal.

Napster já é passado
Numa recente convenção de tecnologia em San Diego, na Califórnia, pouco se falou nos velhos computadores pessoais. A onda agora são pequenos dispositivos portáteis, sem fios, mas ligados à Internet. Nesse contexto, o programa Napster parece velho, porque só funciona em PCs. Atenção: o futuro já passou. É bom correr.

Mais Napster...
Se você chegou ontem de Júpiter, vale explicar: Napster é o programa gratuito que permite troca de músicas pela Internet, direto de um computador a outro, sem pagar nada. Terror das gravadoras, é a grande sensação da Internet. Mas já tem gente olhando à frente -ainda bem.

Será o fim dos álbuns?
A popularização do Napster significa que as pessoas estão em busca de suas canções preferidas, armazenando tudo num gigantesco "greatest hits" pessoal. Ou seja, os consumidores se cansaram de comprar um CD com 16 músicas e só duas que prestam e estão montando suas próprias coletâneas. Será o fim dos álbuns? (APJ)

"Accused of Stealing", The Delgados No espírito do Napster, hoje não indicamos discos, mas canções. E só tem música boa. Por isso, nada de "Pause" ou "Eject", só "Play". A primeira dica é esta linda balada escocesa, com vocal feminino e um baixo nervoso.

"Hated Because of Great Qualities", Blonde °Redhead Procurava o novo Portishead? Encontrou. O álbum completo é muito experimental, mas esta faixa corta coração. Vale caçar. Além do mais, tem um dos títulos mais bacanas dos últimos tempos ("Odiado por Causa de Grandes Qualidades").

"Glory Box", Faith No More Indicação de um leitor, é cover do FNM para a música mais conhecida do Portishead. O vocalista Mike Patton grita: "I just want to be a woman".


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