São Paulo, segunda, 3 de agosto de 1998

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teatro
Deixe sair o ator que vive dentro de você

Lígia Cortez fundou há 15 anos a Casa do Teatro, que tem curso livre
LUCIANA CASSAS
da Reportagem Local

Para quem quer dar vazão a sua veia dramática, há vários cursos de teatro em São Paulo. Livres, básicos ou profissionalizantes, todos têm propostas diferenciadas para arrancar o ator que vive dentro de cada um. E nem é necessário virar profissional' para sentir o frio na barriga diante do público. Vários cursos básicos incluem montagens de peças.
O Teatro-Escola Macunaíma promove anualmente um festival, aberto ao público, para divulgar os trabalhos dos alunos. Seu curso básico usa jogos teatrais para criar situações, onde o aluno improvisa e desenvolve o imaginário.
O básico do Studio Cristina Mutarelli segue, a princípio, a mesma linha. Inclui montagem e o ator em potencial descobre formas de expressão, por meio de jogos dramáticos e exercícios de improvisação. "O diferencial é que ele aprende a buscar fisicamente a emoção e chega mais rapidamente ao ponto. Se uma pessoa ficar na postura de choro, ela se emocionará. A musculatura recorda coisas que o psicológico não lembra", compara a atriz Cristina Mutarelli.
Após o bê-a-bá, o Studio oferece o curso de montagem teatral, com um diretor atuante no mercado. "As aulas instrumentalizam o aluno a se virar, independente de onde e com quem está. Sua interpretação não fica com a cara do diretor", fala.
Lígia Cortez, seguindo os passos da mãe, Célia Helena, é outra atriz que aposta na formação de novos talentos e fundou há 15 anos a Casa do Teatro.
Lá, os aspirantes são divididos por faixa etária e, além das aulas de teatro, têm a opção de aprender esgrima, dança e arte circense. O curso livre, que inclui montagem e uma aula semanal, usa textos da dramaturgia universal, como Molière e Shakespeare.
"Não fazemos grandes exigências a não ser a de que o aluno participe. Os mais tímidos não se constrangem. Se eles não quiserem interpretar podem participar fazendo o figurino ou a iluminação, por exemplo", afirma Lígia.
Já o básico da escola do ator Ewerton de Castro, com montagem no fim do semestre, tem carga horária maior, de 20 aulas semanais. Os alunos aprendem expressão corporal e vocal, análise e interpretação do texto teatral e história das artes cênicas, partindo da Grécia e chegando a Shakespeare.
"A linha empregada é a de Stanislavsky, que ajuda o aluno a ser natural e a convencer o espectador", fala Ewerton de Castro.
Na escola dele não se entra sem teste. O candidato faz duas cenas, uma dramática e outra cômica, uma redação e depois passa por uma entrevista.
Quem está a fim de se profissionalizar no teatro tem que encarar a seleção. Na escola Célia Helena há exame escrito e de expressão corporal, além da leitura de um texto.
A escola, como a Casa do Teatro, segue metodologia própria para buscar uma interpretação natural, com base em Stanislavsky.
Na EAD (Escola de Arte Dramática da USP), o aluno, que deve ter mais de 18 anos, também conhece diferentes técnicas expressivas.
Além da seleção, que acontece em novembro, o futuro ator encontra muito trabalho e quase nenhuma folga. As aulas são de segunda a sexta, e há apresentação de montagens nas férias e feriados.
Tanto esforço não deve desencorajar quem quer viver de personagens. Marisa Orth, Aracy Balabanian, Eliane Giardini e Paulo Betti são alguns dos bambambãs que saíram da EAD.



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