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pop star
O astro mais rock and roll do cinema
Reuters
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Johnny Deep e a namorada Kate Moss em festa no Festival de Cannes
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THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
Johnny Depp é uma das principais figuras do pop planetário. É
ator de cinema, diretor, guitarrista, dono de um bar roqueiro, ex da
Winona Ryder, atual da Kate
Moss, amigo do Marlon Brando,
do Al Pacino e do Paul McCartney.
Seu último filme lançado nos
EUA, "Medo e Nojo em Las Vegas", estréia no Brasil no próximo
mês. Mas as locadoras já receberam "O Bravo", filme esquisitão
que Depp dirigiu em 97 (e no qual
interpreta o papel principal).
No Havaí, onde descansava com
a top Kate Moss ("Não brigamos,
apenas temos um outro tipo de
namoro", diz) e checava locações
para um filme, ele deu entrevista
exclusiva à Folha, por telefone.
Folha - Seu filme de estréia na direção, "O Bravo", acaba de ser lançado em vídeo no Brasil. As críticas
foram desanimadoras. Como você
as recebeu?
Johnny Depp - Eu não preciso
me preocupar com elas. Um monte de coisas que eu adoro e valorizo
muito são atacadas pelos críticos.
Claro que eu gostaria de ser elogiado, mas tenho a sorte de não ser
um cineasta, quer dizer, não é meu
único trabalho. Se eu dependesse
do sucesso do filme para continuar
a carreira, estaria encrencado.
Folha - Por que a crítica não gostou de "O Bravo"?
Depp - É um filme estranho, todos dizem. Ainda bem que é. Quis
fazer um filme que desprezasse o
padrão americano de cinema. Não
é MTV, é uma história angustiante, tem ritmo próprio. O destino de
um cara que aceita ser torturado
até a morte para devolver a dignidade para sua família não é muito
agradável, eu sei, mas para mim o
cinema existe para despertar reações. Nem tudo é entretenimento.
Folha - Como é dirigir Marlon
Brando, que está em "O Bravo" e
contracenou com você em "Don
Juan DeMarco"?
Depp - Ninguém pode responder essa pergunta, porque ninguém consegue dirigir Marlon
Brando, ninguém tem essa capacidade. O cara é maior do que a vida!
Um deus, um guru. Ele fez o que
quis nas gravações, e ficou ótimo.
Folha - Além de Brando, você se
tornou amigo de outros veteranos
que trabalharam com você, não?
Depp - É verdade. Faye Dunaway, Christopher Walken, Al Pacino. Vou fazer outro filme com Al
Pacino. Cara, eu nunca me diverti
tanto na vida quanto nas filmagens
de "Donnie Brasco". Eu e Al ficávamos a madrugada inteira dando
gargalhadas. Todos dormiam, mas
a gente ficava no bar. Ele não bebe
mais, então falava, falava e falava.
E eu ouvia e enchia a cara.
Folha - Você buscou o reconhecimento desses grandes atores para
apagar a imagem de ídolo das
teens americanas, por causa da série "Anjos da Lei"?
Depp - Eu não calculei nada na
minha vida. Dei sorte de trabalhar
com as pessoas certas, ou talvez eu
tenha um bom instinto para reconhecer pessoas interessantes. Mas
nunca planejei nada. Só virei um
ator porque Nicolas Cage era meu
amigo e insistiu que eu fizesse um
teste para "A Hora do Pesadelo".
Aceitei fazer "Anjos da Lei" porque não tinha oferta melhor. Pensei eu ficar uma temporada na TV
e acabei passando quatro.
Folha - Cage levou você ao cinema? Você era amigo de atores?
Depp - Não. Nick era amigo da
minha primeira mulher, que é maquiadora de cinema. Mas eu nunca
consegui ter muitos amigos atores.
Não é porque eu selecione minhas
amizades pela profissão, é que eu
convivo muito mais com gente ligada à música do que ao cinema.
Eu sou um roqueiro, antes de ser
um ator. Ganhei guitarra da minha
mãe aos 10 anos, larguei a escola
para tentar a sorte com uma banda. Fui roadie, toquei em bar...
Folha - Você tem uma banda.
Depp - Eu tenho mais carinho
pela P do que pela maioria dos filmes que fiz. Quando eu comecei a
ganhar algum dinheiro com o cinema, minha primeira decisão foi
comprar um bar e transformá-lo
num lugar para bandas de rock. O
Viper Room é assim até hoje: um
lugar pequeno, com um palco pequeno. Um refúgio para os músicos encherem a cara.
Minha vida é rock and roll. Vivo
na estrada, fico doente se fico dois
ou três dias sem ver um show. Não
desprezo o cinema, mas entre ser
Bob Dylan ou Orson Welles, eu escolheria o primeiro.
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