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LITERATURA
Escritor do livro "Geração T.E.E.N." fala sobre o amor e a
solidão e diz que se inspirou nas novas feministas para
construir um retrato de um mundo "desumanizado"
Sexo e tristeza
LUCRECIA ZAPPI
DA REPORTAGEM LOCAL
A sociedade conservadora americana, a liberdade, a solidão e o consumismo desenfreado que cerca as
pessoas. Junte tudo e fale sobre sexo. Esse é
o alvo de reflexão de Marty Beckerman em
seu livro "Geração T.E.E.N." (ed. Ediouro,
R$ 29,90), que acaba de sair no Brasil.
Como diz o autor de 22 anos, o livro oscila entre ficção e não-ficção e é simples de
ler, daqueles em que você abre em qualquer
página e, ainda assim, capta o vazio do sexo
casual e do desprendimento afetivo a que o
autor se refere.
Agora ele trabalha em seu próximo livro,
"Retarded Nation" ("Nação Retardada"),
que deve sair nos EUA em fevereiro de
2006. Aos 17, publicou e editou seu primeiro livro, "Death to All Cheeleaders" ("Morte a Todas as Animadoras de Torcida").
Desde sua casa, em Washington D.C.,
Marty falou ao Folhateen sobre sua geração, sexo, amor, solidão e outras intempéries da vida. Diz também que não quer dar
lição de moral a ninguém.
Folha - Você tem andado irritado com a
sua geração?
Marty Beckerman - Sinto mais tristeza
do que raiva, mas a mensagem do livro não
é do tipo "você vai queimar no inferno porque você está fazendo sexo desse jeito". É
mais sobre o que acontece a jovens que começam a ter um desprendimento afetivo
das coisas. Não é um livro sobre sexo, é um
livro sobre o amor. E sobre o que acontece
às pessoas quando não acreditam mais no
amor.
Folha - Você acha que as pessoas não
acreditam mais no amor?
Marty - É essa a impressão que eu tenho.
Talvez eu tenha me tornado mais cínico, os
jovens andam tão infelizes...
Folha - Infelizes por causa da idade ou
da geração?
Marty - A cada geração isso se repete,
mas, mais do que antes, há mais pessoas socialmente instáveis. Por que esses adolescentes estão emocionalmente aos pedaços
e por que eles são tão destrutivos?
Folha - É. Por que?
Marty - Eu acho que se trata da cultura do
instantâneo -você só quer se divertir, não
quer envolvimento. Se você quer ser feliz,
tem que experimentar a dor. Senão é como
se tornar um zumbi, sem emoções. Eu acho
que a coisa ficou desumanizada.
Folha - Desumanizada do ponto de vista
do alto consumo sexual? Em que corpo
você se inspirou para fazer seu livro?
Marty - Nas novas feministas. As americanas não são tão dominadoras, mas a atitude delas tende a ser cada vez mais sexualmente agressiva. Hoje pega bem se uma
menina ficar com milhares de meninos.
Folha - Você tem medo dessas meninas?
Marty - Eu não tenho medo delas. Mas eu
acho que elas não estão felizes. Elas acham
que quanto mais transas tiverem menos
vão se sentir sozinhas.
Folha - Em seu livro você usa um pouco
de estatística, de diário, de novela, de quadrinhos. Por que você usou essa fórmula?
Marty - Alguns gostam de ficção, outros
de estatística. É uma novela e não é, é para
todo o tipo de gente. Dá para abrir em qualquer página e ler.
Também foi pensado para pessoas que
não lêem muito, ou seja, os adolescentes.
Mas há muitos que não estão acostumados
a ler, daí eu tento ser engraçado.
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