São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2011

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Quando eu tinha a sua idade

EMERSON FITTIPALDI, 64, EX-AUTOMOBILISTA

"SÁBADO À NOITE, MINHA DIVERSÃO ERA FICAR SOZINHO MEXENDO NA MINHA MOTO"

(...) Perdi a virgindade em um carro em movimento , um Volkswagen que meu irmão estava dirigindo

(...) Depoimento a


LUIZA TERPINS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando eu tinha uns 13 anos, eu pedi e meus pais montaram uma oficina na garagem de casa, na avenida Rebouças.
Eles colocaram uma tábua e me deram uma caixa de ferramentas. Eu era apaixonado por corrida, mas era muito novo. Virei mecânico do Wilson, meu irmão, que corria de kart.
Aos 14 anos, ganhei do meu pai uma moto. Eu ia e voltava da escola com ela. Chegava e ia direto para a garagem mexer na moto. Eu era muito louco, não saía de lá. No final de semana eu preparava a moto para correr. Foi com ela que corri pela primeira vez, em Interlagos. Nem ia muito a festas, só queria saber de corrida.
No sábado à noite, meus amigos saíam, mas eu ficava trabalhando na garagem até de madrugada. Minha mãe tinha de me arrancar de lá, aos gritos. Eu era um adolescente muito quieto. Às vezes até me isolava dos amigos por causa desse mundo mecânico.
Quando eu tinha 15 anos, comecei a vender roda, volante. Depois até montei uma fabricazinha de volantes. Isso pagava minhas corridas, meu pai não podia me patrocinar sempre.
Éramos uma família de classe média. Meu pai era locutor esportivo, minha mãe era dona de casa. Ela ficava louca com esse meu gosto por corrida, só deixava eu andar em moto pequena. Aí, num domingo, corri escondido com uma moto maior, de quase 200 cilindradas, e ela ficou sabendo.
Nunca apanhei tanto. E perdi a moto, claro. Meu pai tinha sofrido um acidente grave de moto, quase morreu, e minha mãe ficou traumatizada.
Só voltei a correr aos 17 anos, de kart. Isso minha mãe deixou. Eu não tinha muito tempo para ter uma vida social de adolescente normal, ter namoradinhas, ouvir musica. Minha vida era corrida e oficina.
Eu estava na oficina, aliás, quando meu irmão e um amigo dele armaram para eu perder a virgindade. Eu tinha uns 14. Eles falaram "Você não quer experimentar? Nós temos uma amiga legal". Eu topei.
Perdi a virgindade em um carro em movimento. Foi num Volkswagen 1200, um tatu, bem apertado, dando voltas pelo Morumbi. Meu irmão dirigindo, e eu com a menina no banco de trás.
Foi tudo muito rápido, uns 15 minutos. Ela devia ter uns 20 e poucos anos. Não foi legal porque não foi como eu imaginava, né, uma coisa mais romântica.
A única exigência dos meus pais era eu não largar a escola, mas isso aconteceu um ano antes do vestibular. Vendi tudo e fui para a Inglaterra correr. Ninguém sabia se eu viraria profissional. Se desse errado, a ideia era voltar para o Brasil e me formar engenheiro mecânico para trabalhar em alguma fábrica de automóveis. Mas só voltei para passar férias.


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