|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
música
A última dos ingleses
Hype? Piada? Conheça o Towers of London, grupo cheio de energia e laquê
MAYRA DIAS GOMES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRES
Q
uando marquei
uma entrevista
com Donny Tourette, esperava que
ele aparecesse trocando as pernas.
Afinal, o cara que a Inglaterra
conhece é um loiro de calças
justas que pulou o muro do "Big
Brother" inglês no início do
ano, após passar 48 horas bêbado em rede nacional.
Estreando genialmente no
mercado de celebrities, Donny
usou um artifício pedante para
trazer sua banda Towers of
London para o olho da mídia.
Depois de sua fuga, o ibope do
programa despencou 4 pontos
e singles do único disco da banda, "Blood, Sweat And Towers",
de 2006, voltaram às paradas.
Em um momento de obsessão pelo dia-a-dia banal de celebridades famosas por fazerem
nada, o Towers só podia ganhar
com a superexposição de seu
vocalista, não é?
Pois foi depois de sua aparição televisiva que sua banda virou tanto um hype quanto uma
piada para a crítica.
Quando a porta se abriu para
o cabelo com laquê de Tourette,
senti sua vibração. O visual retrô, o humor cômico, a atitude
de um punk, a extravagância de
um glam-rocker e a inconstância de um geminiano.
Sem paciência para ser entrevistado e mais preocupado
em pegar uma garrafa de 51 do
meu estoque, Donny mostrou
seu propósito: festejar e irritar.
Seu comportamento é puro
material de entretenimento e
deixa a música da banda -lotada de progressões simples de
acordes e ingredientes imbatíveis- em segundo plano.
Já com a cachaça descendo a
garganta, o cigarro aceso em lugar fechado e os olhos no meu
decote, remeteu-me à figuras
como Nikki Sixx, do Motley
Crue, e ainda cantou "na boquinha da garrafa".
Eu estava tentando escrever
sobre como é ter uma banda
sincera no mercado musical
atual, mas acabei capturando
outra coisa. Os que irão remexer a cena com sujeira e fúria
ainda não chegaram, mas, enquanto seu lobo não vem, temos ótimas celebrações de uma
época em que isso existia.
Os Towers são personagens
de si mesmos, uma retrospectiva, mas têm energia e atitude.
Talvez precisem brigar menos,
não mudar de formação, ficar
longe da cadeia e perder um
pouco da pose. De repente é por
isso que gostamos deles. Não
resistimos aos bad boys.
Texto Anterior: 02 Neurônio: O abraço do Mickey Próximo Texto: +Cds Índice
|