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Comportamento
Patrulhas fazem a lei valer
Cidades abordam jovens nas ruas de maneiras diferentes
Eduardo Anizelli/Folha Imagem
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Conselheira tutelar pede RGs, em Ilha Solteira
DO ENVIADO ESPECIAL A ILHA SOLTEIRA
(SP) E A FERNANDÓPOLIS (SP)
Em Fernandópolis (SP),
são 23h30 de uma sexta-feira (24/4). Dois camburões da Polícia Militar e dois
carros da Polícia Civil sobem na
calçada do restaurante Varanda Espeto.
Dos veículos, descem correndo homens que usam farda ou
roupas pretas dos pés à cabeça.
Todos com arma no coldre.
Clientes se assustam.
Parece cena de filme de ação,
mas é a ronda do toque de recolher, que a Folha acompanhou.
Ela acontece uma vez por mês,
em média, sem data marcada.
Depois de não acharem nenhum menor no "point" da cidade, a blitz volta a rodar. A
próxima investida é em um
bairro mais pobre.
De repente, outra freada: 12
componentes da ronda correm.
Cinco pessoas são revistadas,
com as mãos contra um muro.
Dois dos revistados são adultos. Um deles carrega uma arma. É preso em flagrante.
Os demais são adolescentes
(um garoto de 17 anos e duas
meninas, uma de 16 e outra de
15) e não têm álcool ou drogas,
mas são apreendidos por estarem na rua àquela hora.
Ao entrarem no prédio do
Conselho Tutelar, são recepcionados com broncas pelo
juiz. À 1h30, são levados para
casa -os pais de dois deles não
foram encontrados.
Palavrinhas "mágicas"
"Podemos ver seu RG, por favor?" É assim que a ronda de
Ilha Solteira aborda três pessoas (que provariam ser adultas), à 0h30 de um domingo
(26/4). A ronda sai diariamente, com carros da PM, da Guarda Civil e do Conselho Tutelar.
As sirenes ficam desligadas.
No dia em que a reportagem
acompanhou a ronda, foram as
conselheiras que falaram com
quem estava na rua depois das
23h. Com todos, usaram as "expressões mágicas": "Por favor",
"com licença" e "obrigada".
Mesmo quem não tivesse
idade para estar na rua era tratado com gentileza. Como a
menina de 16 anos que disse estar indo buscar a irmã, à 1h.
Ela pede que o amigo, adulto,
vá na frente, falar com sua mãe,
antes de ela chegar, escoltada.
"É para ela não infartar."
A ronda espera por cinco minutos. Ao chegar, a mãe recebe
a filha chorando.
(CF)
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