São Paulo, segunda-feira, 04 de maio de 2009

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Comportamento

Teens acham jeitos de burlar o toque

Mudar de cidade ou levar festa para casa são táticas de quem está sob a lei

ENVIADO ESPECIAL A SELVÍRIA (MS)

Até duas semanas atrás, a noitada de Selvíria (MS) era a "prima pobre" da região. Mas, graças ao toque de recolher de Ilha Solteira (a 12 km de distância), suas madrugadas devem "bombar", com jovens locais mais os fugidos da lei da cidade vizinha.
Por ter só 6.413 habitantes, a galera de Selvíria ia se divertir em Ilha Solteira (SP) -onde há 7.400 menores de idade.
Mas o toque micou a noite jovem ilhense. "Tá ruim, as meninas não tão na rua, pra a gente ver", diz Willian Cambuin, 15.
Para a felicidade de outros, o tráfego mudou de direção: "A galera está vindo para cá!", diz Tiago do Nascimento, 18. Ele cruzava toda semana a barragem do rio Paraná, que separa as cidades, para ir curtir.
Nilson Rodrigues, 23, está aliviado: não tem mais que dar caronas para Ilha Solteira. "Vem às 2h para ver como vai estar cheio!", convida.
Nem precisou: às 21h, chegaram dois carros, com oito garotas. Seis delas eram adolescentes -vinham da cidade vizinha.

"Chutando minha porta"
Já em Fernandópolis (SP), o toque fez festinhas caseiras voltarem à moda. "É divertido. A gente conversa, dança, come... Só é ruim porque tem sempre adulto", diz Fernanda Calo, 16.
A cada sexta, a reunião é na casa de um amigo. "Ai, é um saco isso!", diz uma mãe. Na noite anterior, ela dormia, às 2h, quando o filho ligou para ser buscado em um churrasco, a seis quarteirões dali, diz.
Relutante, ela foi. "É como se o juiz chutasse a porta da minha casa e me dissesse como criar meu filho."


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