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Comportamento
Teens acham jeitos de burlar o toque
Mudar de cidade ou levar festa para casa são táticas de quem está sob a lei
ENVIADO ESPECIAL A SELVÍRIA (MS)
Até duas semanas atrás, a
noitada de Selvíria (MS)
era a "prima pobre" da
região. Mas, graças ao toque de
recolher de Ilha Solteira (a 12
km de distância), suas madrugadas devem "bombar", com jovens locais mais os fugidos da
lei da cidade vizinha.
Por ter só 6.413 habitantes, a
galera de Selvíria ia se divertir
em Ilha Solteira (SP) -onde há
7.400 menores de idade.
Mas o toque micou a noite jovem ilhense. "Tá ruim, as meninas não tão na rua, pra a gente
ver", diz Willian Cambuin, 15.
Para a felicidade de outros, o
tráfego mudou de direção: "A
galera está vindo para cá!", diz
Tiago do Nascimento, 18. Ele
cruzava toda semana a barragem do rio Paraná, que separa
as cidades, para ir curtir.
Nilson Rodrigues, 23, está
aliviado: não tem mais que dar
caronas para Ilha Solteira.
"Vem às 2h para ver como vai
estar cheio!", convida.
Nem precisou: às 21h, chegaram dois carros, com oito garotas. Seis delas eram adolescentes -vinham da cidade vizinha.
"Chutando minha porta"
Já em Fernandópolis (SP), o
toque fez festinhas caseiras voltarem à moda. "É divertido. A
gente conversa, dança, come...
Só é ruim porque tem sempre
adulto", diz Fernanda Calo, 16.
A cada sexta, a reunião é na
casa de um amigo. "Ai, é um saco isso!", diz uma mãe. Na noite
anterior, ela dormia, às 2h,
quando o filho ligou para ser
buscado em um churrasco, a
seis quarteirões dali, diz.
Relutante, ela foi. "É como se
o juiz chutasse a porta da minha casa e me dissesse como
criar meu filho."
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