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FOLHATEEN EXPLICA
Objetivo pode ser reservar até 20% das vagas nas públicas
Governo quer ampliar cotas para negros em universidades
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O grupo de trabalho criado pelo governo federal para estudar mecanismos de inclusão
dos negros no ensino superior vai propor ao
presidente Luiz Inácio Lula da Silva a edição
de uma medida provisória autorizando as
instituições públicas a criar um sistema de reserva de vagas.
O objetivo é garantir cotas para negros nas
universidades. O percentual ainda não está
definido, mas pode chegar a 20% das vagas.
Essa é uma das três propostas que serão encaminhadas nos próximos dias à Casa Civil.
Além disso, o grupo, criado em setembro e
composto por especialistas de vários ministérios, vai propor a edição de um decreto presidencial para instituir o programa Pró-Negro
no Ministério da Educação e a criação de
ações afirmativas para negros no CNE (Conselho Nacional de Educação).
O documento elaborado pelo grupo traz
ainda uma radiografia da presença dos negros
no ensino superior no Brasil.
Gargalo
Em plena discussão sobre a adoção de cotas,
dados educacionais mostram que o "gargalo"
da entrada de estudantes negros no ensino superior começa, na verdade, nos primeiros
anos de estudo, não no vestibular.
Apenas 11,3% dos alunos da 4ª série do fundamental se declararam negros, segundo o
Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) de 2001.
Quando chega à 8ª série, esse percentual cai
para 8%, reduzindo ainda mais ao final do 3º
ano do ensino médio -somente 6,4% dos estudantes que o terminaram se declararam negros, de acordo com o Saeb.
Quando se trata de ensino superior, o índice
de negros que terminam o curso é baixo, apesar de ter havido um aumento gradativo nos
últimos anos.
Pelos dados do Exame Nacional de Cursos, o
Provão, que inclui apenas formandos das
áreas avaliadas (26 em 2003), somente 2,6%
dos universitários que prestaram a prova em
2001 se autodeclararam negros, passando para
3,1% em 2002 e 3,6% em 2003.
Já os números do Censo mostram que a universidade é quase exclusivamente dos brancos. Entre a população com mais de 25 anos e
nível superior, 82,8% são brancos e 2,1%, negros (o restante se divide entre amarelos, pardos e indígenas). Na população total do país
são 53,8% de brancos e 6,2% de negros.
Como uma forma de incentivo, o MEC incluiu no novo sistema de avaliação do ensino
superior, implantado por medida provisória,
as cotas como um dos itens que serão analisados a partir de 2004. As universidades que saíram na frente nesse item foram a UnB (Universidade de Brasília) e a federal de Alagoas.
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