São Paulo, segunda-feira, 05 de março de 2001

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Elton John tem muito a ensinar para moleques enjoados

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

COLUNISTA DA FOLHA

Quatro horas de apresentação, uma música atrás da outra, dois cinquentões no palco e platéia em delírio. É showbiz em estado puro, pagar para se divertir e receber um espetáculo perfeito em troca.
Trata-se da turnê conjunta de Elton John e Billy Joel, que vi há alguns dias em Las Vegas.
Elton John? Billy Joel? Las Vegas? Calma, não fiquei maluco. Nunca tive um disco de nenhum dos dois, nem pretendo. Mas não há como negar: eles são gênios da melodia, da presença de palco. Sabem dominar o público. Quantas vezes a gente compra um CD (de rock brasileiro, principalmente) e, quando acaba, não consegue lembra de uma única música?
Pois isso não acontece com esses os dois velhinhos, autênticos professores de música pop. Billy e Elton não dão shows -dão lições.
Poucos antes do espetáculo, nos camarins, Elton dizia saber que tem uma habilidade especial para compor melodias fortes, que emocionam as pessoas. E que esse é o jeito de ele se comunicar, porque não consegue expressar seus sentimentos em palavras (as letras são, na maioria, escritas pelo velho parceiro Bernie Taupin).
Billy Joel é a mesma coisa. Apesar de não ser tão conhecido no Brasil, tem status de divindade entre os americanos. Manteve a platéia igualmente eletrizada e, no fim do show, com cara de doidão, lascou um longo beijo na boca de uma menina que estava na primeira fila. O namorado, um garotão, ficou ali ao lado, com cara de banana, vendo o vovô surrupiar sua tchutchuca.
(Apesar de que isso não é tão estranho assim. Em shows grandes no interior dos EUA, os jecas adoram levantar as namoradas no ombro para que elas tirem a blusa e mostrem os peitos para a banda no palco).
Mas, voltando a Las Vegas, o show funciona em etapas. Primeiro, Elton e Billy entram juntos no palco, alternando músicas de um e de outro. Isso dura uma meia hora. Depois, Billy vai embora. Elton segura então duas horas sozinho. Billy volta e, agora, é sua vez de se apresentar solo. No fim, temos a dupla junta de novo, para um bis arrasador, que inclui "Come Together" e "A Hard Day's Night", dos Beatles.
Na platéia, jovens se misturam a velhinhos, casais comportados e peruas em plena atividade criminosa. Em comum, o amor pela música pop. Tem muito artista jovem e enjoado que poderia aprender umas coisas com esses cintilantes veteranos, Billy Joel e Elton John.

GRINGAS
Pop barulhento
"Noisepop" é o nome do festival de rock que rolou na semana passada aqui em San Francisco. Não tão gigantesco quanto alguns congêneres, mas simpático e privilegiando lugares pequenos, com bandas semidesconhecidas. Ingresso mais caro: R$ 26, com quatro grupos.

Bonitões injustiçados
Entre as bandas não tão novas assim do "Noisepop" estava o ótimo Girls Against Boys, que faz um rock todo quebrado e, acho, deveria ter estourado há uns três anos, com o CD "Freak on I*C*A". Os caras são originais, boas-pintas e a gravadora investiu. Vamos ver se agora vai.

Portishead cover
Uma das atrações mais esperadas do "Noisepop", para "Escuta Aqui", era o trio Blonde Redhead, que já comparei nesta coluna ao soturno Portishead. São dois irmãos gêmeos italianos, com uma vocalista japonesa que praticamente só sussurra. Esquisitice é pouco para definir o som deles.

Quem conhece?
Claro que o festival ia ter as coisas obscuras de sempre. Aí vão algumas. Se alguém conhecer algo, escreva, por favor: Beulah, Mates of State, Call and Response, From Bubblegum To Sky, Carlos, Skiptrace, Kingsbury Manx, The Stratford 4, The Papercuts, Cole Marquis... (APJ)
CD PLAYER
"Got it Made", Brassy O melhor disco de 2000, para "Escuta Aqui", volta ao Play porque está saindo no Brasil! Não perca: tem punk, new wave, garagem e sons eletrônicos, tudo junto.

"Non-Album Tracks", Portishead Maravilhoso CD pirata só com lados B. Só não vai para o Play porque não tem nada inédito, além de ser, imagino, muito difícil de achar. Mas é bem bonito.

"Quase Famosos" Filme que está para sair no Brasil. Sabe aquelas revistas que fingem que as celebridades são boazinhas e normais? "Quase Famosos" faz isso com os bastidores do rock. Xaropada.



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