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ESTANTE
Carnaval do Estado: a monarquia brasileira na farra
LUÍS AUGUSTO FISCHER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Agora passou o Carnaval do ano e tudo serena. Vamos esquecer quase tudo -dos sambas-enredos aos vencedores, das
pequenas bebedeiras aos grandes amores. Ano que vem tem
mais, porque somos um país assim. Talvez não saibamos propriamente como é que somos "assim", como foi que calhou de
sermos a única monarquia entre tantas repúblicas, ou de termos
uma festa que dura pouco e é tão intensa.
Bem, se o caso é averiguar a história do Carnaval
em si, há muita bibliografia disponível. Mas há um
lado enviesado, que diz respeito à monarquia. Dela,
o que sabemos está nos livros escolares: tivemos
dois imperadores e a princesa Isabel, que passou para a história por ter assinado a Lei Áurea, aquela que
finalmente libertou os escravos -nunca esqueça: o
Brasil foi o último país do planeta a abolir a escravatura. Último. (Será também o último a operar a reforma agrária?)
A monarquia brasileira tem muito a dizer sobre
como somos, inclusive no Carnaval. Peguemos o livro de Lilia Moritz Schwarcz chamado "Império em
procissão": ali se relatam, com detalhes impressionantes, as solenidades acontecidas em 1841, quando
aquele rapaz de 14 anos foi elevado à condição de
imperador do Brasil.
Foi uma festa inesquecível, com direito a todas as
frescuras imagináveis - protocolos, filas para beija-mão, gente saindo pela janela e cardápios suntuosos. Tudo num cenário tropical para não botar defeito, o Rio de Janeiro. Dá pra imaginar "senhoras que dormiram sentadas, só para não deixar o penteado de um metro ou
mais desmontar"? E a banda que animou o baile? "Músicos negros em trajes de veludo vermelho enfeitados e listrados de renda dourada".
Nosso país ainda hoje não sabe se usa veludo ou tira a roupa,
toca valsas ou deixa o baticum tomar conta. E esse livrinho ajuda
a entender essa história.
E-mail: fischerl@uol.com.br
Império em Procissão
Autor: Lília Moritz Schwarcz
Editora: Jorge Zahar Editor
Quanto: R$ 14, em média
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