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MÚSICA
Grupo carioca lança terceiro CD, o mais eclético
Planet volta a soltar fumaça
AUGUSTO PINHEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de um recesso de três anos, o
Planet Hemp "está de volta na praça", como diz a faixa "Ex-quadrilha da
Fumaça", do recém-lançado CD "A Invasão do Sagaz Homem Fumaça", terceiro do grupo carioca.
O título do trabalho faz referência ao
personagem criado pelo vocalista B.
Negão. "Ele representa o cidadão comum, o verdadeiro malandro, que
consegue sobreviver sem passar a perna em ninguém", diz o vocalista Marcelo D2. O encarte do CD mostra o "herói" em ação -tentando descolar um
plástico para sua barraca de camelô.
Este é o disco mais eclético do Planet
Hemp. Traz o primeiro reggae gravado
pelo grupo: "O Sagaz Homem Fumaça", com participação de Seu Jorge, que
foi vocalista da banda Farofa Carioca.
"Todos os integrantes ouvem muito
reggae, principalmente o Daniel Ganja
Man, que toca baixo nessa faixa", diz
D2. "Chamei o Seu Jorge pela voz marcante e porque somos amigos. Fui padrinho do seu casamento."
Há ainda surf music, samba-rock,
jazz-funk, hardcore e rap, claro.
As referências ao uso de maconha
continuam lá: permeiam todo o trabalho. "Sou usuário há 200 anos. Como o
cara sai do trabalho e bebe uma cerveja,
eu acendo um baseado", coloca D2.
Algumas faixas são temáticas, como
"Quem Tem Seda?", com participação
do cubano Sen Dog, do grupo de rap
californiano Cypress Hill, cantando em
espanhol, e de Micky Huidobro, da
banda de rock mexicana Molotov.
"Como o disco foi mixado em Los
Angeles, resolvi convidar o Sen. Já havíamos tocado juntos em um show em
São Paulo." Mário Caldato, que costuma trabalhar com o Beastie Boys, produziu o CD junto com o grupo.
"A Invasão do Sagaz Homem Fumaça" foi gravado em 45 dias em uma casa
em Laranjeiras, onde D2 já havia morado. "Quando começamos, não havia
nada pronto. Saiu uma música a cada
dois dias", conta D2. Eles espalharam
colchões pela casa, e todos os integrantes se mudaram para lá. "Ficou uma
puta zona: lata de cerveja, ponta de baseado e cueca suja por todos os lados."
De toda essa bagunça, as idéias foram
borbulhando: críticas à polícia, aos políticos e ao presidente recheiam as faixas. "A maioria dos policiais quando
veste a farda esquece que é povo", detona o vocalista. O grupo foi preso em
1997, acusado de apologia às drogas.
"Tudo que incomoda o governo é tratado como pejorativo. O MST é baderneiro, rádio que não tem concessão é
pirata, e o Planet Hemp é apenas um
bando de maconheiros", dispara.
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