São Paulo, segunda-feira, 05 de junho de 2000


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MÚSICA
Grupo carioca lança terceiro CD, o mais eclético
Planet volta a soltar fumaça

AUGUSTO PINHEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de um recesso de três anos, o Planet Hemp "está de volta na praça", como diz a faixa "Ex-quadrilha da Fumaça", do recém-lançado CD "A Invasão do Sagaz Homem Fumaça", terceiro do grupo carioca.
O título do trabalho faz referência ao personagem criado pelo vocalista B. Negão. "Ele representa o cidadão comum, o verdadeiro malandro, que consegue sobreviver sem passar a perna em ninguém", diz o vocalista Marcelo D2. O encarte do CD mostra o "herói" em ação -tentando descolar um plástico para sua barraca de camelô.
Este é o disco mais eclético do Planet Hemp. Traz o primeiro reggae gravado pelo grupo: "O Sagaz Homem Fumaça", com participação de Seu Jorge, que foi vocalista da banda Farofa Carioca.
"Todos os integrantes ouvem muito reggae, principalmente o Daniel Ganja Man, que toca baixo nessa faixa", diz D2. "Chamei o Seu Jorge pela voz marcante e porque somos amigos. Fui padrinho do seu casamento."
Há ainda surf music, samba-rock, jazz-funk, hardcore e rap, claro.
As referências ao uso de maconha continuam lá: permeiam todo o trabalho. "Sou usuário há 200 anos. Como o cara sai do trabalho e bebe uma cerveja, eu acendo um baseado", coloca D2.
Algumas faixas são temáticas, como "Quem Tem Seda?", com participação do cubano Sen Dog, do grupo de rap californiano Cypress Hill, cantando em espanhol, e de Micky Huidobro, da banda de rock mexicana Molotov.
"Como o disco foi mixado em Los Angeles, resolvi convidar o Sen. Já havíamos tocado juntos em um show em São Paulo." Mário Caldato, que costuma trabalhar com o Beastie Boys, produziu o CD junto com o grupo.
"A Invasão do Sagaz Homem Fumaça" foi gravado em 45 dias em uma casa em Laranjeiras, onde D2 já havia morado. "Quando começamos, não havia nada pronto. Saiu uma música a cada dois dias", conta D2. Eles espalharam colchões pela casa, e todos os integrantes se mudaram para lá. "Ficou uma puta zona: lata de cerveja, ponta de baseado e cueca suja por todos os lados."
De toda essa bagunça, as idéias foram borbulhando: críticas à polícia, aos políticos e ao presidente recheiam as faixas. "A maioria dos policiais quando veste a farda esquece que é povo", detona o vocalista. O grupo foi preso em 1997, acusado de apologia às drogas. "Tudo que incomoda o governo é tratado como pejorativo. O MST é baderneiro, rádio que não tem concessão é pirata, e o Planet Hemp é apenas um bando de maconheiros", dispara.



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