São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2010

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NA ESTRADA

Mayra Dias Gomes - mayradiasgomes@uol.com.br

Superação, por que não?

COM UNS OITO ou nove anos, fiz um pedido a Deus: "Por favor, faça com que eu acorde com 15 anos e com peitos bem grandes".
Eu estava pensando naqueles filmes em que alguém faz um desejo e desperta no corpo de outra pessoa, ou com outra idade (tipo "De Repente Trinta").
Para a minha sorte ou não, Deus atendeu ao meu desejo. Aos 11, eu já tinha peitos. E, para falar a verdade, havia me arrependido. "Cuidado com o que você deseja", Deus respondeu.
Na terceira série, houve um mês em que eu fiquei dentro da sala de aula durante o almoço.
O motivo? Os meninos estavam correndo atrás de mim e cantando músicas para os meus peitos. "Pega peitão", em vez de "pega ladrão", era um dos jogos.
Aos 15 anos, visitei um cirurgião plástico. Sentia muita dor nas costas. Fazer redução me parecia uma boa opção, mas o pavor da cirurgia me fez voltar atrás.
A insegurança tomou conta de mim. Nenhum biquíni ou sutiã me servia. E todos os passeios ao shopping me faziam chorar (uso número 50 no Brasil).
Os únicos sutiãs que serviam eram beges, enormes, com alças grossas. Eu não podia ser vista num desses. Pareciam sutiãs de vovó!
Biquínis, então, nem pensar. Não podia comprar na Blue Man como minhas amigas. Tinha que encomendar do exterior. Tive que olhar no espelho e fazer uma escolha: quero me amar ou quero continuar me odiando?
Neste mês, aos 22 anos, estou na capa da revista "Sexy". Sim, estou nua. No ensaio, apareço surpreendentemente confortável com o tamanho dos meus seios. É possível, então, superar a insatisfação com o próprio corpo? Aparentemente, sim.
Há vezes na vida em que a insegurança pode se tornar uma motivação para superação e celebração.
É com essa mensagem que quero divulgar meu ensaio. Não estou nua para provocar, mas para superar. Se seus pais permitirem que você compre uma "revista de mulher pelada", olhe minhas fotos com isso em mente. Para crescer, é preciso aceitar-se. Boa sorte!


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