NO MÊS DO CONTROLE REMOTO, DO MOUSE E DA PIPOCA, O FOLHATEEN PREPAROU UM ROTEIRO DE LIVROS LEGAIS E DE LANCHES PARA FAZER SOZINHO

Leticia Moreira/Folhapress

Desligue o computador, o videogame, a tv e aproveite o ócio das férias para alimentar o estômago e a cabeça

THALES DE MENEZES
EDITOR-ASSISTENTE DA SÃOPAULO

Férias "unplugged", desgrudadas das redes sociais, podem servir para ler um livro. Ou dois. Três, quem sabe. Aqui vão as dicas de oito.
Já que férias são boas para conhecer gente, experimente Jack Reacher, um ex-soldado brutamontes e casca-grossa com incrível capacidade de se meter em encrencas.
"Destino: Inferno" é um dos 14 livros de Lee Child com o personagem, que vive como andarilho sem rumo depois de largar a farda. É bom conhecer o tipo antes que comece a série de filmes no cinema, provavelmente com Russell Crowe, que deve deturpar o personagem.
"Hater - Ódio Mortal", do autor inglês de ficção científica David Moody, conhecido pelo sucesso on-line da saga "Autumn", consegue oxigenar um subgênero batido: o romance apocalíptico com epidemias esquisitas.
Desta vez a doença dispara surtos violentos nas pessoas, e Woody cria cenas de extrema crueldade.
Entre romances policiais, dá para escolher Nova York ou Corumbá (MS). "Na Linha de Frente" é mais uma aventura do detetive alcoólatra Matthew Scuddes. Mas a marca do setentão Lawrence Block é nunca se prender aos elementos comuns da trama policial. O escritor está mais preocupado com a libido de seus personagens do que com suas fichas criminais.
Patrícia Melo é muito talentosa para criar tipos incomuns. Em "Ladrão de Cadáveres", seu protagonista é um gerente de telemarketing deprimido porque uma funcionária com quem ele brigou se suicida. O sujeito se manda para Corumbá e encontra uma mochila com cocaína. Trama sobre a ganância, com ótimas reviravoltas.
Outra escritora brasileira: "Os Anões", de Veronica Stigger, é uma devastadora coleção de pequenos textos que começa com a história do linchamento de um casal de anões num supermercado. Acredite: não é o conto mais impactante desse livrinho poderoso.
"Eu Sou Ozzy", a autobiografia do apatetado roqueiro das trevas Ozzy Osbourne, é uma sucessão de casos de morrer de rir, da juventude como ladrão pé de chinelo até se tornar o sexagenário astro de "reality show".
Já "Cachalote", do escritor Daniel Galera e do artista Rafael Coutinho, é um catatau de 300 páginas de quadrinhos como arte "densa".
Sem heróis de capa nem grandes olhos de mangá, o romance gráfico entrelaça histórias trágicas e cômicas.
Quem acha que só vai ter tempo, vontade ou paciência para ler um livro nessas férias deve agarrar "O Pavilhão Dourado", de Yukio Mishima. Escrito nos anos 50, mostra um adolescente gago e introvertido que passa a viver num mosteiro durante a Segunda Guerra. Mishima é um autor essencial para você entender o mundo. Ou para desistir definitivamente de tentar entendê-lo.