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País
DA REPORTAGEM LOCAL
Os pais da estudante Greiciane Lourenço, 16, passaram a adolescência na roça, não aprenderam a ler e vieram para
São Paulo trabalhar. Quando ela compara o futuro que prevê para si com o presente de seus pais, não tem dúvidas: "Terei uma vida melhor com certeza. Pude
estudar e quero fazer faculdade. Não tem
jeito de ser diferente", diz a garota.
Mas, quando compara o Brasil de hoje
com o do tempo de seus pais, ela tem outras certezas. "Acho que o país está bem
pior, principalmente por causa da violência. Tenho medo. Ando nas ruas segurando a bolsa, apavorada, porque nossos pais vivem nos alertando para o perigo das ruas", completa.
Greiciane não pensa que o Brasil será
um país melhor no futuro. Mesmo assim, dá a sua receita para que as coisas
mudem: "É preciso pensar nos pobres,
principalmente porque ninguém liga para eles. Tem muita gente passando fome,
sofrendo com o frio".
Suas observações em relação ao país
poderiam muito bem ter sido ouvidas na
pesquisa do Unicef. "De um modo geral,
os jovens mostram uma postura individualista, pois acreditam que terão uma
vida melhor que a de seus pais, mesmo
pensando que o Brasil não se tornará um
país melhor", diz o coordenador da pesquisa, Mário Volpi.
Essa mesma constatação foi observada
em um levantamento semelhante, realizado pelo Unicef em países da América
Latina: 76% dos adolescentes disseram
acreditar que o seu futuro seria melhor
do que o de seus pais, e 33% declararam
que a tendência é a situação de seus países piorar.
No Brasil, é interessante notar que o
número de pessimistas praticamente é o
mesmo dos otimistas e pouco superior
ao dos que pensam que tudo ficará na
mesma, nem melhor nem pior.
Os mais pessimistas são os jovens da
classe A: 34,3% deles afirmaram que o
Brasil será pior no futuro.
Gisela Mation, 15, estudante de uma escola particular em São Paulo, sintetiza
bem essa visão adolescente. "Acho difícil
o Brasil melhorar. Individualmente,
penso que o meu futuro será melhor. Coletivamente, não sei, acho que não. Faço
parte de uma elite, o resto do Brasil não",
conclui.
(GW)
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