|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Nela, adolescente se considera mais feliz e respeitado
Família é 'tudo'
André Brandão/Folha Imagem
|
A família Succar, da esq. para a dir.: Thiago, Ana Lúcia, Felipe, Rubens e Gabriel |
DA REPORTAGEM LOCAL
Para quem costuma identificar
automaticamente adolescência
com rebeldia, a pesquisa "A Voz
dos Adolescentes" trouxe uma surpresa: a família está em alta e é considerada por 95% dos garotos e garotas entrevistados como a instituição mais importante, em comparação com outras como escola,
igreja, polícia, governo e partidos
políticos.
Segundo o coordenador da pesquisa, Mário Volpi, esse dado também foi encontrado em levantamento semelhante, feito pelo Unicef com jovens latino-americanos.
Helena Ungaretti, 15, estudante
do primeiro ano do ensino médio,
concorda que a família seja importante para a sua vida, mas lembra
que os amigos também têm um peso grande. "Acho que os dois participam de jeitos diferentes e que todos têm importância."
Essa percepção de Helena apareceu na pesquisa. Estar em família é
fonte de felicidade para 70% dos
jovens. Já estar na companhia dos
amigos faz 63% felizes.
Quando se inverte a questão, vê-se que a família está realmente no
centro do mundo adolescente. Para 61% dos entrevistados, brigar
com a família os deixa infelizes.
Apesar das brigas, 84% dos jovens consideram justa a forma como os pais os corrigem. O estudante José Orenstein Almeida, 15, explica bem esse sentimento: "Quando eu brigo, fico bravo na hora.
Porque umas brigas têm motivo, e
outras, não. Fica parecendo que
seus pais não querem que você se
divirta. Depois você vê que o que
eles querem é proteger você".
Essa proteção também é destacada pelo levantamento do Unicef. A
família foi apontada por 85% dos
adolescentes como a principal responsável pelo bem-estar e pela garantia dos direitos deles, bem à
frente da escola e da igreja.
Os irmãos Thiago, 17, e Gabriel
Succar, 15, concordam com esse
posicionamento da família e dizem
que nenhuma outra instituição
tem a mesma importância.
Para eles, os laços familiares se
constroem com diálogo. Gabriel
conta que a hora de dividir as coisas em família é o jantar. "Normalmente, falamos da escola, de futebol e dos amigos."
O estudante Guilherme Vilella
Andrigueti, 15, destaca a importância desse diálogo. "Em situações graves, converso com meus
pais, porque os amigos não resolvem", afirma. Thiago concorda,
mas lembra que existem coisas que
não chegam a ser tratadas em casa.
"Se tenho um problema mais sério,
vou discutir primeiro com a minha
família. Mas, dependendo do problema, falo só com meus amigos."
Um outro dado da pesquisa ajuda a entender por que o adolescente brasileiro valoriza tanto a família: é nela que 90% dos jovens entrevistados se sentem mais respeitados em seus direitos. Só depois
aparecem os grupos de convivência dos amigos, professores, colegas de escola e vizinhança. Mais
baixa é a estima que recebem do
mercado: não chega a 70% o número de jovens que se julgam respeitados na posição de consumidores.
(GUILHERME WERNECK)
Texto Anterior: Sonhos Próximo Texto: Panorâmica: Dobra o número de mortes por uso de ecstasy na Inglaterra Índice
|