São Paulo, segunda-feira, 05 de agosto de 2002

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Nela, adolescente se considera mais feliz e respeitado Família é 'tudo'

André Brandão/Folha Imagem
A família Succar, da esq. para a dir.: Thiago, Ana Lúcia, Felipe, Rubens e Gabriel


DA REPORTAGEM LOCAL

Para quem costuma identificar automaticamente adolescência com rebeldia, a pesquisa "A Voz dos Adolescentes" trouxe uma surpresa: a família está em alta e é considerada por 95% dos garotos e garotas entrevistados como a instituição mais importante, em comparação com outras como escola, igreja, polícia, governo e partidos políticos.
Segundo o coordenador da pesquisa, Mário Volpi, esse dado também foi encontrado em levantamento semelhante, feito pelo Unicef com jovens latino-americanos.
Helena Ungaretti, 15, estudante do primeiro ano do ensino médio, concorda que a família seja importante para a sua vida, mas lembra que os amigos também têm um peso grande. "Acho que os dois participam de jeitos diferentes e que todos têm importância."
Essa percepção de Helena apareceu na pesquisa. Estar em família é fonte de felicidade para 70% dos jovens. Já estar na companhia dos amigos faz 63% felizes.
Quando se inverte a questão, vê-se que a família está realmente no centro do mundo adolescente. Para 61% dos entrevistados, brigar com a família os deixa infelizes.
Apesar das brigas, 84% dos jovens consideram justa a forma como os pais os corrigem. O estudante José Orenstein Almeida, 15, explica bem esse sentimento: "Quando eu brigo, fico bravo na hora. Porque umas brigas têm motivo, e outras, não. Fica parecendo que seus pais não querem que você se divirta. Depois você vê que o que eles querem é proteger você".
Essa proteção também é destacada pelo levantamento do Unicef. A família foi apontada por 85% dos adolescentes como a principal responsável pelo bem-estar e pela garantia dos direitos deles, bem à frente da escola e da igreja.
Os irmãos Thiago, 17, e Gabriel Succar, 15, concordam com esse posicionamento da família e dizem que nenhuma outra instituição tem a mesma importância.
Para eles, os laços familiares se constroem com diálogo. Gabriel conta que a hora de dividir as coisas em família é o jantar. "Normalmente, falamos da escola, de futebol e dos amigos."
O estudante Guilherme Vilella Andrigueti, 15, destaca a importância desse diálogo. "Em situações graves, converso com meus pais, porque os amigos não resolvem", afirma. Thiago concorda, mas lembra que existem coisas que não chegam a ser tratadas em casa. "Se tenho um problema mais sério, vou discutir primeiro com a minha família. Mas, dependendo do problema, falo só com meus amigos."
Um outro dado da pesquisa ajuda a entender por que o adolescente brasileiro valoriza tanto a família: é nela que 90% dos jovens entrevistados se sentem mais respeitados em seus direitos. Só depois aparecem os grupos de convivência dos amigos, professores, colegas de escola e vizinhança. Mais baixa é a estima que recebem do mercado: não chega a 70% o número de jovens que se julgam respeitados na posição de consumidores. (GUILHERME WERNECK)


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