São Paulo, segunda-feira, 06 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Férias sem riscos

GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL

Se fazer uma trilha, passar o dia na praia ou na piscina e sumir por aí com a sua bicicleta são sinônimos de diversão, passar a noite perdido na mata, ficar ardido e vermelho como um pimentão e se estourar inteiro ao cair da bike são garantia das famosas férias frustradas.
Ninguém pensa que as suas férias de verão, tão esperadas durante todo o ano, possam se transformar numa roubada. Mas o fato é que, nessa época do ano, os acidentes, sejam eles graves ou banais, acontecem aos montes.
Como não há quem goste de perder o verão e, muito menos, de deixar de se divertir, o Folhateen traz dicas para você fazer tudo o que quiser, mas com segurança.
Essas dicas foram elaboradas pela Associação Férias Vivas, uma ONG de São Paulo, criada no ano passado para conscientizar as pessoas dos riscos desnecessários a que se expõem quando estão relaxadas, curtindo suas férias.
"Ao tomar cuidado, a gente não evita o acidente, que é imprevisível. Mas evita a imprudência, a imperícia e a negligência", diz Silvia Basile, coordenadora-executiva da ONG.
Silvia sabe do que está falando. Em fevereiro de 2002, ela estava hospedada com o marido e a filha Victoria, de nove anos, no resort Salinas de Maragogi (AL), a 150 km de Maceió. Victoria foi fazer um passeio a cavalo e, como o resort não tinha sela infantil, com estribo adequado para o seu 1m20, a menina usou uma sela de adulto e prendeu seu pé no courinho do estribo. No meio do passeio, o cavalo disparou e Victoria caiu. O pé da menina ficou preso no arreio e ela ficou pendurada de cabeça para baixo enquanto o cavalo corria. Bateu a cabeça diversas vezes e morreu após sofrer traumatismo craniano.
Depois do acidente com a filha, Silvia articulou a criação da ONG. "Queremos criar no consumidor a consciência de que ele tem de ser mais prevenido. Quando saímos de férias, não pensamos que algo possa dar errado. A tendência é confiar nos hotéis e nos fornecedores de passeios. Mas nem sempre devemos pensar que eles se sentem responsáveis pela nossa segurança", afirma.
Por isso, entre as dicas básicas elaboradas pela ONG, estão sempre verificar se o hotel ou a pousada em que você se hospeda é reconhecido pela Embratur e se os passeios oferecidos têm condições mínimas de segurança, são guiados por pessoas competentes e se a empresa que os fornece existe de fato e emite nota fiscal. "Às vezes, as empresas que fazem tudo certo cobram um pouco mais, mas optar por serviços oferecidos na informalidade pode custar ainda mais caro", pondera.
No ano passado, a Férias Vivas conseguiu produzir uma cartilha para orientar o turista a praticar alguns esportes radicais com segurança. No fim do ano, montou outra cartilha, com dicas específicas para o verão. Até o fechamento desta edição, a ONG ainda estava negociando a impressão e a distribuição dessas cartilhas nos pedágios das rodovias paulistas.
Além das cartilhas, a ONG está trabalhando em quatro projetos diferentes e precisa de voluntários. O primeiro busca coletar casos de acidentes em turismo; o segundo, mapear as normas internacionais para fazer turismo com segurança; o terceiro, compilar as normas nacionais e o último visa criar um banco nacional de jurisprudência sobre esses tipos de acidente.



Texto Anterior: Música: Blues punk para ensurdecer
Próximo Texto: Não perca a aventura: Prepare-se para a caminhada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.