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Férias sem riscos
GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL
Se fazer uma trilha, passar o dia na praia ou na piscina e sumir por aí com a sua bicicleta são sinônimos de diversão,
passar a noite perdido na mata, ficar ardido e vermelho como
um pimentão e se estourar inteiro ao cair da bike são garantia
das famosas férias frustradas.
Ninguém pensa que as suas férias de verão, tão esperadas
durante todo o ano, possam se transformar numa roubada.
Mas o fato é que, nessa época do ano, os acidentes, sejam eles
graves ou banais, acontecem aos montes.
Como não há quem goste de perder o verão e, muito menos,
de deixar de se divertir, o Folhateen traz dicas para você fazer
tudo o que quiser, mas com segurança.
Essas dicas foram elaboradas pela Associação Férias Vivas,
uma ONG de São Paulo, criada no ano passado para conscientizar as pessoas dos riscos desnecessários a que se expõem
quando estão relaxadas, curtindo suas férias.
"Ao tomar cuidado, a gente não evita o acidente, que é imprevisível. Mas evita a imprudência, a imperícia e a negligência", diz Silvia Basile, coordenadora-executiva da ONG.
Silvia sabe do que está falando. Em fevereiro de 2002, ela estava hospedada com o marido e a filha Victoria, de nove anos,
no resort Salinas de Maragogi (AL), a 150 km de Maceió. Victoria foi fazer um passeio a cavalo e, como o resort não tinha
sela infantil, com estribo adequado para o seu 1m20, a menina
usou uma sela de adulto e prendeu seu pé no courinho do estribo. No meio do passeio, o cavalo disparou e Victoria caiu. O
pé da menina ficou preso no arreio e ela ficou pendurada de
cabeça para baixo enquanto o cavalo corria. Bateu a cabeça
diversas vezes e morreu após sofrer traumatismo craniano.
Depois do acidente com a filha, Silvia articulou a criação da
ONG. "Queremos criar no consumidor a consciência de que
ele tem de ser mais prevenido. Quando saímos de férias, não
pensamos que algo possa dar errado. A tendência é confiar
nos hotéis e nos fornecedores de passeios. Mas nem sempre
devemos pensar que eles se sentem responsáveis pela nossa
segurança", afirma.
Por isso, entre as dicas básicas elaboradas pela ONG, estão
sempre verificar se o hotel ou a pousada em que você se hospeda é reconhecido pela Embratur e se os passeios oferecidos
têm condições mínimas de segurança, são guiados por pessoas competentes e se a empresa que os fornece existe de fato
e emite nota fiscal. "Às vezes, as empresas que fazem tudo certo cobram um pouco mais, mas optar por serviços oferecidos
na informalidade pode custar ainda mais caro", pondera.
No ano passado, a Férias Vivas conseguiu produzir uma
cartilha para orientar o turista a praticar alguns esportes radicais com segurança. No fim do ano, montou outra cartilha,
com dicas específicas para o verão. Até o fechamento desta
edição, a ONG ainda estava negociando a impressão e a distribuição dessas cartilhas nos pedágios das rodovias paulistas.
Além das cartilhas, a ONG está trabalhando em quatro projetos diferentes e precisa de voluntários. O primeiro busca coletar casos de acidentes em turismo; o segundo, mapear as
normas internacionais para fazer turismo com segurança; o
terceiro, compilar as normas nacionais e o último visa criar
um banco nacional de jurisprudência sobre esses tipos de acidente.
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