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CIÊNCIA
Resposta para (QUASE) tudo
DA REPORTAGEM LOCAL
Aprendemos na escola quais são as
camadas que formam o subsolo na
Terra. Mas como podemos ter certeza disso uma vez que, se o nosso planeta
fosse uma maçã, ainda não teríamos rompido nem a casca? Aliás, pouco sabemos da
grande maioria das coisas que aconteceram durante a história do terceiro corpo
que se movimenta ao redor do Sol, afinal,
os humanos modernos como nós existem
por apenas 0,0001% da história da Terra.
Ao perceber que ignorava o porquê dos
oceanos serem salgados, o jornalista americano Bill Bryson constatou, com certa frustração, que tinha pouquíssimo conhecimento sobre o planeta em que vivia. E começou a ter dúvidas. Muitas mesmo.
Queria descobrir o que aconteceria se
fôssemos atingidos por um meteoro? O que
sabemos de verdade sobre terremotos e
vulcões? Como é o interior de uma célula se
comparada a objetos do mundo que vemos? Como podemos ter tanta certeza de
quem são nossos ancestrais?
São centenas de perguntas que vão sendo
respondidas (ou muitas vezes não) nos 30
capítulos de "Breve História de Quase Tudo" (Companhia das Letras, 544 págs., R$
54), da teoria do "big bang" e os primórdios, passando pelas histórias de cientistas
e suas descobertas incríveis -e também
por alguns charlatães que só atrapalharam
o conhecimento- e tentando, sem sucesso, desvendar como evoluímos ao que somos hoje, "pessoas capazes de falar, produzir arte e organizar atividades completas".
Suas pesquisas e entrevistas levaram três
anos para se transformar no livro. Ele dedica páginas e páginas da obra para mostrar
suas fontes de informações e a vasta bibliografia consultada. Mas o mais legal é o modo como ele conta as histórias, às vezes em
um tom de fofoca, colocando ao final de cada capítulo uma amostra do que escreverá
no próximo.
E, se o livro é direcionado aos curiosos e
contestadores, esse estilo de narrativa só
aumenta mais a ânsia de terminar logo o livro e ver tudo o que Bill Bryson descobriu
para facilitar a nossa compreensão da vida.
Para os mais impressionados com a realidade e desesperados com o que possa vir a
acontecer com a humanidade, talvez o livro
seja um pouco pesado, afinal, revela que a
nossa vida está sujeita a todo o tipo de perigo, tanto externos (objetos do espaço)
quanto internos (terremotos e vulcões),
que a nossa existência está ameaçada e que
há muito pouco que possamos fazer. Se serve de consolo, já vivemos assim há alguns
milhões de anos.
(LEANDRO FORTINO)
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