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ESPORTE
Fruto do cruzamento do skate com o surfe, o carveboard, novo esporte radical, conquista adeptos nas ladeiras de São Paulo
Beijos no asfalto
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é de hoje que os atletas radicais
tentam levar para o asfalto a adrenalina e as manobras do surfe.
Quando o mar não tem onda ou o tempo
está curto para viajar até a praia, o jeito é se
virar com o que a cidade oferece.
Até hoje, o skate era o principal candidato a ser a versão urbana do surfe. Mas uma
nova modalidade de esporte tem roubado
muitos de seus adeptos: o carveboard.
Com um um formato muito parecido, o
carve é um derivado do skate, que, segundo
os praticantes, tem recursos que o aproximam ainda mais do surfe.
A vantagem, dizem os esportistas, é a mobilidade que o novo equipamento proporciona, permitindo fazer, no asfalto e até na
grama, manobras bem parecidas com
aquelas feitas no mar e curvas mais amplas
que as feitas no skate.
"Quando estou numa velocidade rápida,
fazendo curvas, tenho a mesma sensação
(do surfe)", conta o estudante Bruno Figueiredo, 14, praticante de carve e de surfe.
Ele conheceu o novo esporte por acaso,
quando viu um garoto andando na rua onde mora. Ficou curioso com o formato diferente e foi atrás, com seu skate, para descobrir do que se tratava.
Em dezembro, quando fez aniversário,
Bruno ganhou um carve de presente. Hoje,
ele deixou de lado o skate (apelidado de
"skatinho", por conta do tamanho menor)
e tem se dedicado à nova modalidade com
exclusividade.
Ele sai toda semana para andar no bairro
onde mora, o Morumbi, com o irmão,
Adriano, 9. Para não correrem riscos no
trânsito, sempre estão acompanhados de
um adulto, que os segue de carro e avisa
com uma buzina quando algum carro se
aproxima.
Diferentemente do skate, que tem uma
pista própria para a prática (half), o carve
exige apenas as ladeiras da cidade. Quanto
mais inclinada, maior a velocidade e mais
adrenalina para o esportista.
"Quando não dá tempo de descer para a
praia ou o mar não está bom, o carve ajuda
a não "enferrujar'", conta Cyro Xavier, 17,
que anda toda semana em Alphaville, com
uma turma de amigos. Ele está de mudança
para a Austrália, para um intercâmbio de
seis meses, e leva na mala seu carveboard.
Estudante de educação física, Mila Graves
é um raro exemplo de praticante de carve
que não é surfista. Para ela, o charme do novo equipamento é a mobilidade e a flexibilidade que ele proporciona.
Antes, ela andava de skate downhill, mas
já trocou de preferência. "O downhill é
muito duro, mais difícil de descer", conta.
Para Mila, outra vantagem é que ela considera o carve mais seguro que o skate.
Mas, mesmo assim, como todo esporte
radical, o carveboard também tem seus riscos. Ralar os joelhos, cotovelos ou mãos no
chão é muito comum entre os adeptos.
Por isso, é fundamental usar equipamentos de segurança, como joelheiras, capacete e cotoveleiras.
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