São Paulo, segunda-feira, 06 de fevereiro de 2006

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ESPORTE

Fruto do cruzamento do skate com o surfe, o carveboard, novo esporte radical, conquista adeptos nas ladeiras de São Paulo

Beijos no asfalto

LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é de hoje que os atletas radicais tentam levar para o asfalto a adrenalina e as manobras do surfe. Quando o mar não tem onda ou o tempo está curto para viajar até a praia, o jeito é se virar com o que a cidade oferece.
Até hoje, o skate era o principal candidato a ser a versão urbana do surfe. Mas uma nova modalidade de esporte tem roubado muitos de seus adeptos: o carveboard.
Com um um formato muito parecido, o carve é um derivado do skate, que, segundo os praticantes, tem recursos que o aproximam ainda mais do surfe.
A vantagem, dizem os esportistas, é a mobilidade que o novo equipamento proporciona, permitindo fazer, no asfalto e até na grama, manobras bem parecidas com aquelas feitas no mar e curvas mais amplas que as feitas no skate.
"Quando estou numa velocidade rápida, fazendo curvas, tenho a mesma sensação (do surfe)", conta o estudante Bruno Figueiredo, 14, praticante de carve e de surfe.
Ele conheceu o novo esporte por acaso, quando viu um garoto andando na rua onde mora. Ficou curioso com o formato diferente e foi atrás, com seu skate, para descobrir do que se tratava.
Em dezembro, quando fez aniversário, Bruno ganhou um carve de presente. Hoje, ele deixou de lado o skate (apelidado de "skatinho", por conta do tamanho menor) e tem se dedicado à nova modalidade com exclusividade.
Ele sai toda semana para andar no bairro onde mora, o Morumbi, com o irmão, Adriano, 9. Para não correrem riscos no trânsito, sempre estão acompanhados de um adulto, que os segue de carro e avisa com uma buzina quando algum carro se aproxima.
Diferentemente do skate, que tem uma pista própria para a prática (half), o carve exige apenas as ladeiras da cidade. Quanto mais inclinada, maior a velocidade e mais adrenalina para o esportista.
"Quando não dá tempo de descer para a praia ou o mar não está bom, o carve ajuda a não "enferrujar'", conta Cyro Xavier, 17, que anda toda semana em Alphaville, com uma turma de amigos. Ele está de mudança para a Austrália, para um intercâmbio de seis meses, e leva na mala seu carveboard.
Estudante de educação física, Mila Graves é um raro exemplo de praticante de carve que não é surfista. Para ela, o charme do novo equipamento é a mobilidade e a flexibilidade que ele proporciona.
Antes, ela andava de skate downhill, mas já trocou de preferência. "O downhill é muito duro, mais difícil de descer", conta.
Para Mila, outra vantagem é que ela considera o carve mais seguro que o skate.
Mas, mesmo assim, como todo esporte radical, o carveboard também tem seus riscos. Ralar os joelhos, cotovelos ou mãos no chão é muito comum entre os adeptos.
Por isso, é fundamental usar equipamentos de segurança, como joelheiras, capacete e cotoveleiras.


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