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cinema
Será que os fãs vão ao cinema?
Se depender dos fãs, a pirataria de "X-Men Origens: Wolverine" não vai prejudicar a bilheteria do filme
TARSO ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL
N
a quarta-feira passada, enquanto o
FBI começava a investigar o vazamento de uma cópia de "X-Men Origens: Wolverine" na internet, a pedido do
estúdio Fox, o filme já era baixado por milhares de pessoas
mundo afora. Inclusive no Brasil, é claro.
No dia seguinte, as legendas
em português já estavam disponíveis. E, na sexta, o filme,
que custou dezenas de milhões
de dólares, já era encontrado na
rua 25 de Março, famosa pela
venda de produtos piratas na
capital paulista, por R$ 5.
O Folhateen conversou com
fãs do personagem para saber o
que eles acharam do vazamento. Alguns fizeram o download
do filme, mas não o assistiram.
Estranho? "Baixei por curiosidade. Mas vou excluir, porque é
isso que faz os filmes perderem
bilheteria", disse R. B., 21.
Outros apontaram motivos
menos ideológicos para baixar
e não assistir à cópia pirata. "Só
olhei por cima e apaguei, porque não vale a pena ver um filme desse sem estar finalizado",
diz D. E., 22, de Fortaleza, lembrando que a maioria dos efeitos especiais não estão prontos
na versão que vazou.
E ainda tem o grupo dos que
baixaram e assistiram até o final, é claro. "Assisti ao filme. É
empolgante e cheio de surpresas do começo ao fim. Só aguardo, agora, para ver finalizado
na telona", diz D.R., 23.
Pois é, até quem assistiu diz
que vai ver de novo no cinema.
Para o jornalista inglês Matt
Mason, autor do livro "The Pirate's Dilema" (o dilema do pirata, sem edição no Brasil), o
motivo é simples. "Os piratas
não podem competir com a experiência de ver um filme na
sala escura", diz.
Mason acha que a pirataria
não deve atrapalhar o filme de
Wolverine. Ao contrário. "Pode
ser até que ela melhore a bilheteria." Ele lembra que, no ano
passado, "Batman - O Cavaleiro das Trevas" foi pirateado
uma semana antes do lançamento e, ainda assim, faturou
mais de um bilhão de dólares -
maior bilheteria de 2008.
Pirataria marqueteira
A experiência deve ser uma
boa amostra do efeito da pirataria para a indústria cinematográfica mundial. No Brasil, isso
já aconteceu com "Tropa de
Elite", de José Padilha, em
2007. Apesar de uma cópia ter
chegado aos camelôs três meses antes do lançamento previsto -que acabou antecipado
em um mês-, o longa tornou-se o filme brasileiro de maior
bilheteria naquele ano.
Na época, Padilha declarou
que, se não fosse a pirataria, o
resultado teria sido melhor ainda. Mas é impossível saber se
isso é verdade, já que o boca a
boca gerado pela versão pirata
acabou se tornando uma poderosa propaganda do filme.
Para Mason, a pirataria ajuda
a divulgar os filmes sem ameaçar as bilheterias, porque o público reconhece a experiência
diferenciada que é ir ao cinema.
"Hollywood sabe disso e está
experimentando outras coisas
que os piratas não podem replicar, como as salas Imax e 3D. O
truque é criar experiências melhores. Fizeram isso quando
surgiu a TV, depois quando surgiu o vídeo. Os piratas não vão
matar a indústria, apenas torná-la mais forte", diz.
Logo, Wolverine pode relaxar e guardar suas garras para
outra briga, porque os piratas
não vão incomodar.
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