Orgasmatron

ESCREVEMOS ESTA coluna em pleno Dia do Orgasmo (31/7). E ainda não tivemos um orgasmo sequer. Não na vida, mas por hoje! Nem sabíamos, aliás, que existia um Dia do Orgasmo. Quanta desinformação!
Agora que descobrimos que se trata do Dia do Orgasmo, estamos nos vendo na obrigação de comemorar. Com um, é claro. Calma aí, que vamos ali e já voltamos.
Pronto, voltamos. Não, não conseguimos ter um orgasmo. Falhamos. Não conseguimos gozar com tanta gente olhando.
Esse mundo já está cheio de datas. Mas sempre tem algum infeliz que inventa mais uma. Como inventaram o Dia do Amigo (20/7). Não somos contra a amizade. Queremos ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar. Mas fazem um dia para comemorar e o que acontece: recebemos um bando de correntes estúpidas. Ninguém inventa uma comemoração que realmente valha a pena. Por que não inventam, por exemplo, o Dia Internacional de Faltar no Serviço e no Colégio? Ia ser ótimo.
E o Dia do Orgasmo? Alguém sabe quando foi decretado? Se tem algum mártir? Não temos idéia. Inventemos, pois: um soldado, Branko Bitorajac, que batia umazinha nas trincheiras da Guerra da Bósnia. Concentrado com o passatempo na madrugada gelada, não viu o inimigo se aproximar. E, em pleno orgasmo, foi morto. E se transformou num símbolo da paz. Então foi criado o Dia do Orgasmo.
A verdade, infelizmente, é bem mais sórdida. Os criadores do Dia do Orgasmo foram, é claro, os donos das sex shops. O objetivo: desencalhar o estoque.
E, agora, nos vemos obrigadas a atingir um clímax por causa do comércio. Já bastava aqueles sujeitos neuróticos que nos submetem à inquisição do "E aí, gozou?".
Agora, os comerciantes e industriais querem inspecionar nossa inutilidade mais deliciosa. Inutilidade, sim. Dizem os cientistas que, ao contrário do masculino, que tem por objetivo fazer filho nas mulheres, o gozo feminino não serve para nada. Veja que bom. Só para o nosso prazer! E agora querem um cartão de ponto para nosso orgasmo! Sai para lá! Deixem nosso orgasmo em paz!

momentos de histeria

Só não vale gozar com o que é dos outros


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