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HIP HOP
Álbuns clássicos do selo de gangsta Death Row saem no Brasil
De volta ao corredor da morte
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
No início dos anos 90,
um selo norte-americano fez história ao impulsionar a vertente mais
controversa do hip hop
-o gangsta rap- e ao
produzir celebridades
instantâneas da música,
bem como um punhado
de hits do gênero.
Quase dez anos depois
de lançar álbuns clássicos
do rap e de redefinir os
parâmetros da produção
mundial de hip hop, um
pacote com seis dos mais
influentes CDs da gravadora ganha edição nacional via Trama e deve chegar às lojas nos próximos
dias.
São eles: "The Chronic",
de Dr. Dre; "Doggystyle" e
"Tha Doggfather", de
Snoop Doggy Dogg; o duplo "All Eyez on Me", de
2Pac; "Don Killuminatti:
The 7th Day Theory", assinado por Makaveli, codinome póstumo de 2Pac;
e um álbum de hits da gravadora.
Os discos são os tiros
mais certos do gangsta
rap até meados dos anos
90, quando o gênero entra
em forte declínio graças à
exaltação de um rap "do
bem", com mensagens
positivas e antiviolência.
Até então, o gangsta rap
havia tomado de assalto
as paradas e o gosto dos
amantes do hip hop nos
EUA e em todo o mundo.
Grande parte da primeira
geração de rappers brasileiros, que surgiram aos
olhos do grande público
também nos anos 90, citava artistas de gangsta como uma importante influência.
Naquela época, entre os
artistas da Death Row, o
que pegava eram as tretas,
as armas, as batidas fortes
e as letras hedonistas
-cheias de sacanagem e
de palavrões, tomadas de
referências a crimes, a
mulheres e a dinheiro.
Seus cantores tinham pinta de mafiosos (e, efetivamente, algumas acusações tramitando na Justiça). Usavam jóias de ouro.
Apareciam ao lado de carrões esportivos.
Tratava-se de uma cultura pop completa, com
atitude, estética e sonoridade.
G-funk
Fundada em 1992 pelo
mestre hip hop da produção musical, Dr. Dre, e pelo empresário bandidão
Suge Knight, a Death Row
("corredor da morte", em
inglês) foi a força dominante do rap na primeira
metade dos anos 90, responsável pelo sucesso comercial quase imediato
dessa nova espécie de rap,
o que reverteu milhões de
dólares para a conta da
gravadora.
Mas o grande mérito da
Death Row foi ter criado
uma corrente musical
dentro do gangsta rap, o
chamado g-funk, uma
mistura da batida do rap
com o funk à la George
Clinton, arquitetada por
Dr. Dre em seu laboratório-estúdio, e apresentada
ao público em "The Chronic", disco solo de estréia
de Dre, que havia abandonado o grupo N.W.A.
(Niggers with Attitude),
que tinha ao lado de Ice
Cube e do finado Eazy-E.
O disco é uma obra-prima
do funk gangsta, traz clássicos instantâneos, como
"Funk Wit Dre Day",
"Nuthin" but a "G" Thang"
e "The Day the Niggaz
Took Over", e serviu de vitrine para o ainda desconhecido Snoop Doggy
Dogg, que canta em 13 de
suas 16 faixas.
Treta
Os lançamentos seguintes da Death Row que chegam agora ao Brasil tiveram seu sucesso estrondoso atrelado às páginas policias dos tablóides.
"Doggystyle" e "Tha
Doggfather" criaram hits
imediatos e elevaram o zé-ninguém Snoop Doggy
Dogg à categoria de astro,
mesmo tendo sido lançados durante um julgamento no qual ele era acusado de ser cúmplice em
um homicídio e sofrendo
denúncias de exaltar a violência e o sexismo.
Mas o caso mais emblemático do gangsta é o de
2Pac (1971-1996), que frequentava o topo das paradas da Billboard, com "Me
Against the World", de
dentro da prisão, onde foi
parar depois de uma denúncia de abuso sexual
feita por uma fã. 2Pac havia sido baleado e processado anteriormente, mas
foi o assassinato, em 1996,
que o transformou em
mártir do gangsta rap e
que deu início ao acelerado declínio do gênero.
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