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comportamento
Coleções bizarras
Juntar ingressos de
shows inesquecíveis já era;
os objetos colecionáveis
da vida pessoal agora vão
de palitos de sorvetes
chupados a etiquetas
de roupas novas
Patricia Stavis/Folha Imagem
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Laura Christov Sancho, que coleciona
coleções de bolachas de chope, vidrinhos de xampu, ímãs de geladeira, cartões telefônicos, moedas etc. |
GUILHERME BRYAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Boa parte das pessoas
já colecionou ou coleciona CDs, revistas, cartões postais,
selos, moedas, álbuns de figurinha etc. Mas o
que agora está virando moda
entre os adolescentes é colecionar objetos antes desprezados
pelos colecionadores sérios, como extratos bancários, vidrinhos de xampu, bolachas de
chope, passagens de ônibus e
etiquetas de roupa.
São colecionadores que parecem preocupados em preservar
sua própria história. Esse é o
caso de Juliet Castaldello, 16,
que coleciona passagens de
ônibus rodoviários com destinos às cidades onde moram
seus familiares, guarda palitinhos de picolés que ela mesma
chupou e até mesmo seus próprios extratos bancários, dos
quais orgulhosamente já possui
cerca de 60.
"Colecionar virou uma necessidade para mim. Geralmente, eu guardo as coleções
por um tempo, mas acabo começando novas e me desfazendo das velhas", conta a menina,
que mora em Cascavel, no Estado do Paraná.
Ela acredita que, futuramente, quando as pessoas quiserem
lembrar das coisas antigas, provavelmente os colecionadores
malucos são quem as terão
guardadas.
Também faz parte desse grupo diferente a garota Laurita de
Oliveira Blasius, 13, que resolveu reunir etiquetas de roupas.
Ela começou a coleção porque
nunca tinha ouvido falar de nada parecido.
Futilidade?
"De repente, decidi que iria
começar a colecionar e, desde
então, percebi que existia uma
grande variedade de bolachas
de chope", explica Laura Christov Sancho, 19, que tem uma
coleção de 49 desses objetos
circulares, feitos geralmente de
papelão, cuja utilidade é não
deixar a água que fica na parte
externa do copo escorrer pela
mesa dos bares.
Laura adora fazer coleções,
desde as mais comuns, como de
ímãs de geladeira, moedas e
cartões telefônicos, até amostras grátis de xampu, geralmente encontradas em quartos
de hotéis onde ficou hospedada
com a mãe. Quanto às bolachas
de chope, ela já recebeu de amigos também. "Na verdade, muitos acham uma futilidade colecionar esse tipo de coisa, mas,
para mim, é extremamente
prazeroso", diz.
Na opinião de Vanessa Nogueira Gonçalves, 21, que coleciona sapos, principalmente os
de pelúcia, esse tipo de atividade pode fazer com que os adolescentes aprendam uma série
de capacidades que serão úteis
ao longo de sua vida.
"Ao fazer uma coleção, você
se preocupa com coisas como
onde ela ficará, de que maneira
será organizada, se por tamanho ou por tipo etc. Afinal, o bacana é você ter uma variedade
de uma mesma coisa que admira, tornando-a algo precioso",
esclarece.
É o caso de Camila Alli Chair,
que tinha apenas 4 anos quando "O Parque dos Dinossauros"
estreou, em 1993. Mas são justamente os bonecos inspirados
nesse filme os seus prediletos
entre os cerca de 800 dinossauros de brinquedo que possui.
Hoje, fazem parte da sua coleção também miniaturas de
répteis, como tartarugas, lagartixas, crocodilos, cobras e lagartos, como dragões-de-komodo e camaleões.
Neurose
A psicóloga Márcia Lupozelli
concorda com a utilidade das
coleções: "Um colecionador
pode ter uma série de ganhos,
como a organização, o empenho, a força de vontade e o prazer de conseguir algo diferente,
entre outros benefícios".
Ela, porém, orienta as pessoas a não transferirem problemas emocionais para as suas
coleções, sob o risco de tornar a
busca pelos objetos uma neurose obsessiva.
Jéssica Balbino, 21, possui
187 marcadores de páginas e
218 cartões publicitários diferentes. "Os itens mais raros, geralmente, são os que estão relacionados a um determinado
evento. Afinal, quando o evento
acaba, ninguém mais se lembra
deles, a não ser os colecionadores. Assim, quanto mais o tempo passa, mais raro eles se tornam", ensina a colecionadora.
Para ela, essas coleções estranhas podem trazer benefícios
para a sociedade: "O colecionador organiza os itens registrando traços históricos por assunto. Dessa forma, está ajudando
na preservação de objetos que
constituem uma cultura".
Um ponto a favor de Jéssica é
que muitos museus espalhados
pelo mundo foram originados a
partir de uma série de coleções
particulares. "Um colecionador
tem uma importância cultural", finaliza.
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