São Paulo, segunda-feira, 07 de fevereiro de 2005

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Hoje é Carnaval!

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

Se você está lendo esta coluna, então já perdeu pontos comigo.
É segunda-feira de Carnaval, corra para a rua, para a praia, para o salão, fique na porta de casa esperando algum maluco passar, esqueça o rock inglês, as bandas novas de Montreal, mande o Morrissey chorar as pitangas lá no gelo de Manchester, tranque bem trancados aqueles CDs de grupos indie melancólicos que emocionam você nos outros 360 dias do ano.
Hoje é Carnaval!
Viver no Brasil tem um preço -que é alto, a gente sabe. Mas é a hora do "payback", sábado, domingo, segunda e terça (e alguns outros dias a mais, dependendo da região do Brasil onde você vive), dias em que este nosso país maluco, magicamente, no ritmo ondulado do samba carioca ou no das acrobacias de rua do frevo de Recife, faz sentido.
Góticos, pulem, não tem problema, desta vez vocês podem ser felizes. "Indies", tirem a gosma do cabelinho, botem uma peruca de Elke Maravilha e saiam jogando água nos outros -está liberado. Metaleiros, vocês que gostam de pancada, viajem nas batidas daquele treme-Terra arrasador que abala a avenida. Rapaziada da cena "emo", vocês que são sensíveis, entreguem o coração ao menino ou menina esperto(a) que sabe de cor todas as letras do Chiclete com Banana.
No Carnaval, é zero o teor de hipocrisia para quem, durante esses dias, não precisa fingir, como no restante do ano, que no Brasil se respeitam leis e regras. Vale tudo: Sandra de Sá, Tim Maia, trio elétrico, branquelos que não sabem batucar, quermesse na praça, pirâmides de latinhas na porta da casa alugada na praia, acordar no meio da tarde, enlouquecer no mela-mela, dormir em São Paulo e acordar em Aracati (CE).
Os pecados carnavalescos têm um "deadline" implacável, a Quarta-Feira de Cinzas (de novo, dependendo da região). A vantagem é que a alegria acaba, mas o perdão pode ser eterno -ou durar, pelo menos, até o próximo Carnaval.
Uma vez, um velho professor deu uma lição de filosofia de rua a um amigo que não posso reproduzir aqui, nas páginas deste suplemento tão família. A lição não tinha exatamente a ver com o Carnaval, mas, adaptando, ficaria mais ou menos assim: "Filho, sempre que um Carnaval passar na sua frente, te chamando, pegue. Pegue mesmo, porque um dia você pode ser velho e caído como eu".

PLAY - Foliões de rua
Por todas as razões expostas ao lado, "Escuta Aqui" dá a maior força a quem se concentra, com força total e empenho absoluto, em aproveitar o Carnaval 1.000%.

PAUSE - Foliões de TV
Tudo bem, faltou grana para viajar, não deu para colar ao vivo na folia. Mas, pelo menos, não vá fingir que não é Carnaval! Uma tevezinha ajuda a esquecer a frustração.

EJECT - Não-foliões
Repertório "indie" para abafar o samba? Metal na cabeça nos dias em que Momo é rei? Festa gótica em plena folia? Vá morar em Seattle, então, para ficar no clima!


@ - cby2k@uol.com.br

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