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MÚSICA
Clipe do System of a Down registra os protestos antiguerra
Os quatro cavaleiros do apocalipse
LIA HAMA
DA REDAÇÃO
A cada hora, 4.000 crianças morrem de fome. A guerra pode custar US$ 200 bilhões. Projeção de 500
mil civis mortos e feridos. Uma em
cada seis crianças nos EUA vive na
pobreza. Dez milhões de iraquianos
podem morrer de fome. As reservas
de petróleo no Iraque estão avaliadas em US$ 4 trilhões.
A sucessão de cifras acima faz parte do novo videoclipe do System of a
Down, "Boom!", dirigido por Michael Moore, o cineasta norte-americano que ganhou o Oscar de melhor documentário neste ano.
Com imagens das manifestações
contra a guerra realizadas em todo o
mundo no último dia 15 de fevereiro, "Boom!" é um protesto declarado contra a operação militar liderada por George W. Bush no Iraque. O
mesmo Bush a quem Moore, em
seu discurso na cerimônia do Oscar,
chamou de "presidente fictício"
que, por "motivos fictícios", enviou
os norte-americanos à guerra .
Para o vídeo, Moore usou imagens de membros da banda System
of a Down interagindo com manifestantes na marcha pela paz em Los
Angeles. Com câmeras digitais nas
mãos, os músicos colheram depoimentos nas ruas para o clipe.
Além das cenas das passeatas em
Los Angeles e em cidades como Paris, Cidade do Cabo, São Paulo, Rio,
Tóquio, Madri, Londres, Roma e
Tel Aviv, o vídeo/manifesto de
Moore traz ainda um sarcástico desenho animado com imagens de
Bush, Tony Blair, Saddam Hussein
e Osama bin Laden cavalgando mísseis pelos céus.
"Boom!" está na lista de vídeos
que a MTV européia decidiu vetar
em sua programação no mês passado por causa da guerra. Um dia
após o confronto no Iraque ter início, a emissora distribuiu um memorando interno recomendando
que vídeos contendo cenas de
"guerra, soldados, aviões de guerra,
bombas, mísseis, tiroteios, agitação
social e execuções" não sejam veiculados na MTV do Reino Unido e
do resto da Europa.
Também fazem parte da lista:
"Hot in the City", de Billy Idol;
"Don't Want To Miss a Thing", do
Aerosmith; "Lucky" e "Invasion",
ambas do Radiohead; "Miss Sarajevo", do Passengers/U2; "This Ain't a
Love Song", do Bon Jovi; "Holy
Wars", do Megadeth; "So Why So
Sad", do Manic Street Preachers; e
"Corruption", do Iggy Pop, entre
outros.
No memorando, Mark Sunderland, um dos diretores do departamento que cuida dos padrões de
transmissão da MTV européia, justifica a medida citando o código de
programação da Comissão para Televisão Independente, o órgão que
regulamenta a TV comercial no
Reino Unido. O código estabelece
regras cujo objetivo seria vetar programas que atentariam contra "o
bom gosto e a decência".
Censura
Em entrevista publicada no último
dia 26 pelo jornal "The New York
Times", uma porta-voz da MTV,
que pediu para não ser identificada,
afirmou que o memorando se dirigia apenas à MTV européia. Nos Estados Unidos, o vídeo estaria sendo
veiculado normalmente.
Os músicos do System of a Down,
no entanto, reclamam de censura.
"É uma pena que vivemos num
mundo onde em alguns lugares
[chamados de democracias" vídeos
contra a guerra estão sendo retirados e a mídia vem sendo censurada", afirma a banda, em seu site.
"A maioria das pessoas nessas
marchas pela paz são famílias normais com crianças", afirmou à MTV
o vocalista da banda, Serj Tankian.
"Achamos que a mídia não retratou
de fato o aspecto grandioso dessas
pessoas nas ruas mostrando suas
opiniões", completou.
As declarações de Moore vão na
mesma linha. "O mais estranho nessa guerra é que as pessoas - a
maioria da população que compõe
esse país e o mundo - não querem
a guerra", afirma o documentarista.
"Assistindo ao noticiário, você nunca saberá que milhões saíram às
ruas propondo uma solução diferente -que não envolve o massacre
de inocentes."
Brasil
No Brasil, a MTV, por meio de sua
assessoria, informou que não houve
nenhuma recomendação para que
"Boom!" não fosse veiculado no
país. O videoclipe consta da programação da emissora.
Além da MTV brasileira, é possível assistir "Boom!" pela internet,
acessando os sites www.michaelmoore.com e www.systemofadow
nonline.com. Para isso é necessário
ter o programa Real Player instalado
no computador (www.real.com).
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