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Ser ou não ser cool, a única coisa que importa
ÁLVARO PERIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA NO RIO DE JANEIRO
Entre os vários benefícios que o desenho animado
"Beavis and Butt-Head" trouxe à cultura ocidental
está a disseminação da palavra inglesa cool. Na ótima
tradução brasileira, o termo é, às vezes, vertido para "legal", "bacana", "massa", "da hora", ou algo do gênero.
Mas é mais do que isso.
Como dizia um velho escriba paulistano, se você não
sabe o que significa cool, então é porque você não é.
Cool, como se entendia na época do cool jazz, de John
Coltrane, é aquilo que paira acima de modas e tendências. Que faz mais do que fala -e fala somente o necessário, com as palavras exatas na hora certa.
Cool é aquele que transforma roupa ou acessório em
algo bacana pelo simples fato de o estar usando. O cool
não faz nenhum esforço para ser popular, mas é.
Brian Ferry, do Roxy Music, é o máximo do cool. E
Zeca Pagodinho é o Brian Ferry brasileiro. Caetano Veloso passou a vida tentando, mas não é. Os Titãs pensam que são. O físico César Lattes é cool até o último fio
de cabelo, assim como a atriz Beatriz Segall.
E o Nirvana, era cool? Será que você é cool?
Imperdível a edição de maio da revista inglesa "Mojo",
que traz como assunto de capa os bastidores das gravações de "In Utero", o último álbum do Nirvana. Pressões
da gravadora, insegurança artística, produção a toque
de caixa. Está tudo lá, para quem quiser aprender.
Faço esta coluna há anos e, como todo jornalista, logo
noto quando alguma dica ou tese lançada neste espaço
"pega", gera comentários. Foi assim quando escrevi sobre Belle & Sebastian ou recomendei o livro "Alta Fidelidade", já há tempos. O mesmo aconteceu na semana
que passou, com dezenas de e-mails agradecendo a "Escuta Aqui" por ter despachado para o Eject a banda gaúcha Bidê ou Balde. Com algumas variações, a mensagem
básica era a mesma: "Obrigado por ter escrito o que tanta gente pensa, mas não tem coragem de falar."
Outra coisa que, imagino, "Escuta Aqui" foi a primeira
a indicar e, pelo menos em certos círculos, "pegou", é a
revista inglesa "Uncut", de música, cinema e literatura.
A "Uncut" não é "cool", porque não é moderna, nem
lança tendências. Mas é bacana, feita por tiozinhos que
escrevem sobre o que bem entendem.
Na mesma praia vai a revista americana "Revolver",
que recomendo vivamente. O destaque do último número é uma reportagem sobre o finado Joe C., o rapper
anão que se apresentava com Kid Rock. Nota dez.
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