São Paulo, segunda-feira, 07 de maio de 2001

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Ser ou não ser cool, a única coisa que importa

ÁLVARO PERIRA JÚNIOR

COLUNISTA DA FOLHA NO RIO DE JANEIRO

Entre os vários benefícios que o desenho animado "Beavis and Butt-Head" trouxe à cultura ocidental está a disseminação da palavra inglesa cool. Na ótima tradução brasileira, o termo é, às vezes, vertido para "legal", "bacana", "massa", "da hora", ou algo do gênero. Mas é mais do que isso.
Como dizia um velho escriba paulistano, se você não sabe o que significa cool, então é porque você não é.
Cool, como se entendia na época do cool jazz, de John Coltrane, é aquilo que paira acima de modas e tendências. Que faz mais do que fala -e fala somente o necessário, com as palavras exatas na hora certa.
Cool é aquele que transforma roupa ou acessório em algo bacana pelo simples fato de o estar usando. O cool não faz nenhum esforço para ser popular, mas é.
Brian Ferry, do Roxy Music, é o máximo do cool. E Zeca Pagodinho é o Brian Ferry brasileiro. Caetano Veloso passou a vida tentando, mas não é. Os Titãs pensam que são. O físico César Lattes é cool até o último fio de cabelo, assim como a atriz Beatriz Segall.
E o Nirvana, era cool? Será que você é cool?

Imperdível a edição de maio da revista inglesa "Mojo", que traz como assunto de capa os bastidores das gravações de "In Utero", o último álbum do Nirvana. Pressões da gravadora, insegurança artística, produção a toque de caixa. Está tudo lá, para quem quiser aprender.

Faço esta coluna há anos e, como todo jornalista, logo noto quando alguma dica ou tese lançada neste espaço "pega", gera comentários. Foi assim quando escrevi sobre Belle & Sebastian ou recomendei o livro "Alta Fidelidade", já há tempos. O mesmo aconteceu na semana que passou, com dezenas de e-mails agradecendo a "Escuta Aqui" por ter despachado para o Eject a banda gaúcha Bidê ou Balde. Com algumas variações, a mensagem básica era a mesma: "Obrigado por ter escrito o que tanta gente pensa, mas não tem coragem de falar."

Outra coisa que, imagino, "Escuta Aqui" foi a primeira a indicar e, pelo menos em certos círculos, "pegou", é a revista inglesa "Uncut", de música, cinema e literatura. A "Uncut" não é "cool", porque não é moderna, nem lança tendências. Mas é bacana, feita por tiozinhos que escrevem sobre o que bem entendem.
Na mesma praia vai a revista americana "Revolver", que recomendo vivamente. O destaque do último número é uma reportagem sobre o finado Joe C., o rapper anão que se apresentava com Kid Rock. Nota dez.



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