|
Texto Anterior | Índice
Escuta aqui
>>Álvaro Pereira Júnior
cby2k@uol.com.br
Brasil, a sepultura da internet?
UMA NOTÍCIA que passou despercebida na semana passada pode ter graves conseqüências para o Brasil. A rádio on-line Pandora
(www.pandora.com), sediada nos Estados Unidos, anunciou que agora vai transmitir só para
usuários dos EUA, Canadá e Reino Unido. Diferenças de leis de direitos autorais entre os diversos países jogaram a Pandora em um labirinto burocrático sem saída. Computadores do Brasil não
recebem mais -ou deixarão em breve de receber-
o sinal da estação (leia em http://blog.pandora.com/pandora).
Recomendei a Pandora
várias vezes aqui na coluna. É um serviço em que
você digita uma música/banda de que gosta e ele
automaticamente monta
uma rádio só para você.
Existem outros sites parecidos, tipo last.fm, que,
pelo menos por enquanto,
continuam transmitindo
para cá.
Se outros sites e rádios
de música tiverem o mesmo destino da Pandora,
vai sobrar para nós, brasileiros. Isso porque esses
serviços têm interesse nos
mercados musicais que
realmente contam -Estados Unidos, Japão, parte
da Europa-, onde há mais
gente que aceitaria pagar
por esse tipo de coisa e onde há mais anunciantes
dispostos a botar dinheiro
nos sites. Quem é que, numa hora dessas, vai se lembrar do Brasil?
Em um contexto cultural xenófobo, auto-referente
e primordialmente autóctone como o brasileiro, a internet surgiu como uma válvula de escape de valor incalculável. É o jeito de fugirmos da pasmaceira reinante por aqui, do culto aos mesmos de sempre e das unanimidades paroquiais.
Musicalmente, a internet pode forjar uma nova geração de brasileiros que dispensam os filtros e vão direto às fontes da produção de vanguarda.
Mas imagine um cenário de pesadelo: a burocracia
dos direitos autorais faz com que os principais sites
musicais gringos percam o interesse em mercados secundários e deixem de transmitir para cá. Seria a volta a um país isolado, provinciano. Um Brasil pré-Mutantes. Ninguém merece algo tão triste.
CD PLAYER
PLAY: KEXP.ORG
Ouço essa rádio enquanto escrevo:
Electrelane, Dntel, Twink e !!!. Até a faixa
das chatonildas do Electrelane era boa,
só um baixo e coro feminino.
PAUSE: KEXP.ORG
A rádio é tão politicamente correta que
emprega locutores com deficiência de
fala. A intenção é boa, é claro, mas de
boas intenções...
EJECT: "ESCUTA AQUI"
Numa coluna sobre rádios on-line, há
duas semanas, esqueci de mencionar a
www.concierto.cl, de Santiago. Leitores
escreveram bronqueando.
Texto Anterior: +CDs Índice
|