São Paulo, segunda-feira, 07 de maio de 2007

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>>Álvaro Pereira Júnior
cby2k@uol.com.br

Brasil, a sepultura da internet?

UMA NOTÍCIA que passou despercebida na semana passada pode ter graves conseqüências para o Brasil. A rádio on-line Pandora (www.pandora.com), sediada nos Estados Unidos, anunciou que agora vai transmitir só para usuários dos EUA, Canadá e Reino Unido. Diferenças de leis de direitos autorais entre os diversos países jogaram a Pandora em um labirinto burocrático sem saída. Computadores do Brasil não recebem mais -ou deixarão em breve de receber- o sinal da estação (leia em http://blog.pandora.com/pandora).
Recomendei a Pandora várias vezes aqui na coluna. É um serviço em que você digita uma música/banda de que gosta e ele automaticamente monta uma rádio só para você. Existem outros sites parecidos, tipo last.fm, que, pelo menos por enquanto, continuam transmitindo para cá.
Se outros sites e rádios de música tiverem o mesmo destino da Pandora, vai sobrar para nós, brasileiros. Isso porque esses serviços têm interesse nos mercados musicais que realmente contam -Estados Unidos, Japão, parte da Europa-, onde há mais gente que aceitaria pagar por esse tipo de coisa e onde há mais anunciantes dispostos a botar dinheiro nos sites. Quem é que, numa hora dessas, vai se lembrar do Brasil?
Em um contexto cultural xenófobo, auto-referente e primordialmente autóctone como o brasileiro, a internet surgiu como uma válvula de escape de valor incalculável. É o jeito de fugirmos da pasmaceira reinante por aqui, do culto aos mesmos de sempre e das unanimidades paroquiais.
Musicalmente, a internet pode forjar uma nova geração de brasileiros que dispensam os filtros e vão direto às fontes da produção de vanguarda.
Mas imagine um cenário de pesadelo: a burocracia dos direitos autorais faz com que os principais sites musicais gringos percam o interesse em mercados secundários e deixem de transmitir para cá. Seria a volta a um país isolado, provinciano. Um Brasil pré-Mutantes. Ninguém merece algo tão triste.

CD PLAYER

PLAY: KEXP.ORG
Ouço essa rádio enquanto escrevo: Electrelane, Dntel, Twink e !!!. Até a faixa das chatonildas do Electrelane era boa, só um baixo e coro feminino.

PAUSE: KEXP.ORG
A rádio é tão politicamente correta que emprega locutores com deficiência de fala. A intenção é boa, é claro, mas de boas intenções...

EJECT: "ESCUTA AQUI"
Numa coluna sobre rádios on-line, há duas semanas, esqueci de mencionar a www.concierto.cl, de Santiago. Leitores escreveram bronqueando.


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