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Garbage salvou a vida de Shirley Manson
MARCELO OROZCO
do "Notícias Populares"
A banda norte-americana Garbage engata este mês a turnê do segundo e recém-lançado álbum,
"Version 2.0". Começa nos Estados Unidos, com chances grandes
de passar pelo Brasil ainda este
ano, segundo a vocalista Shirley
Manson.
A escocesa Manson, 32, garantiu
estar "louca para visitar o Brasil".
Se ela diz isso com o mesmo espírito franco que aplica em outros assuntos, não é mera média.
Raro caso de sex-symbol com cérebro, Manson é a estrela de um
grupo de "ratos" de estúdio que
combina pop simples com guitarras distorcidas.
A química deu certo no primeiro
álbum, "Garbage" (95), que vendeu mais de 4 milhões de cópias
com hits como "Stupid Girl".
Além de Shirley Manson, a formação oficial tem três americanos:
os guitarristas Steve Markes e Duke Erikson e o baterista Butch Vig,
que foi produtor de Nirvana e
Smashing Pumpkins antes de fundar o Garbage.
Em entrevista à Folha por telefone, de Londres, Shirley Manson falou sobre como estar na banda ajudou-a a enterrar problemas e inibições antigas.
Folha - O Garbage parte agora
em turnê. Algum plano de vir ao
Brasil no futuro próximo?
Shirley Manson - Vamos começar a turnê pela América do Norte
e, espero, pelo resto do mundo em
21 de setembro. Sei que estão acontecendo negociações entre o nosso
empresário e a gravadora no Brasil
para irmos ainda este ano ou, pelo
menos, no comecinho do próximo.
Folha - O que você sabe sobre o
Brasil?
Manson - Tenho amigos que foram e falam que o povo e o ambiente são maravilhosos. E sei que
é inacreditavelmente quente.
Folha - Seu novo videoclipe, "I
Think I'm Paranoid", está sendo
exibido na MTV brasileira. Uma cena de impacto é a que você enfia a
mão na boca como se fosse engolir
o braço. Como você fez isso, já que
parece difícil?
Manson - (risadas) Várias pessoas já me falaram que tentam e
não conseguem. Não sei o que me
deu. Teve a ver, mas não planejei
antes.
Folha - Você tem uma imagem
extrovertida. Mas já mencionou
em entrevistas que teve uma adolescência depressiva, achando-se a
garota mais feia do mundo. Como
e quando você mudou?
Manson - Isso foi lento. Fazer o
que realmente amo ajudou. Ganhei confiança ao entrar na banda,
podendo expressar minhas emoções, opiniões e sentimentos. Ser
criativa desenvolveu minha auto-
estima.
Folha - Você acha que por isso
serve de modelo para outros adolescentes?
Manson - Sei que qualquer um
exposto na mídia tende a servir de
modelo. Espero poder encorajar as
pessoas a sentir e a se expressar.
Muitos problemas vêm do fato de
que as pessoas não querem ou são
incapazes de demonstrar o que
sentem.
Folha - Alguém lhe serviu de modelo?
Manson - Tive a Chrissie Hynde
(líder da banda inglesa Pretenders). E também Bette Davis (atriz
americana no auge nas décadas de
30 a 50), porque era diferente, forte
e não era a bonitinha convencional. E a Sabrina de "As Panteras"
(série de TV dos anos 70). Sempre
as garotas duronas (risadas).
Folha - Suas letras falam de obsessões, tesão, psicoses. Por que
você escreve desse jeito?
Manson - Porque pessoalmente
sou muito aberta. Se tenho um
problema, não guardo segredo ou
fico desiludida. Se você está com
raiva de alguém, deve deixá-lo saber na hora em vez de ser falso, fingindo que está tudo ok. Conviver
assim para mim é um pesadelo.
Folha - Você é o foco da Garbage.
Você sente que é por que é mulher
ou isso não influi?
Manson - Há muitas razões. Sou
mais emocional que os outros três.
Falo coisas mais diretas, às vezes
esquisitas, então sou mais procurada. Também acho que é porque
sou mulher. Várias revistas querem publicar fotos de mulheres. É
um fator que acaba a nosso favor.
Por fim, sou mais nova e de melhor
aparência que os meus colegas da
banda (risadas).
Folha - Você já teve propostas
para outros trabalhos ou até para
deixar a banda?
Manson - Sim. Sempre que você
está numa banda de sucesso, as
pessoas querem que você trabalhe
no filme ou no programa de televisão delas. Mas eu amo e estou fascinada pelo Garbage. Talvez no futuro aconteçam alguns pequenos
projetos individuais. Agora nosso
foco está todo em fazer novos discos.
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