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250 anos de delinquência
free lance para a Folha
"A adolescência tem apenas 250
anos na história da humanidade."
Essa é uma razão que contribui para torná-la uma fase ainda mais
contraditória, diz o psicoterapeuta
Miguel Perosa.
Antes disso, o filho fazia 12 anos e
ganhava um canivete para defender a honra da família, e a menina
tinha a primeira menstruação e já
era considerada uma mulher, diz
Perosa. "Mas a partir de 1750, com
a Revolução Industrial, ela precisou ser inventada", acrescenta.
Pais e filhos foram chamados pelas fábricas para trabalhar 18 horas, mas os adolescentes não deram certo na produção. Eram dispersivos, não conseguiam manter
a atenção e dormiam. Até criaram
cadeiras especiais para eles, com os
pés inclinados, que se tocavam e
exigiam que o jovem se equilibrasse o tempo todo e não dormisse.
Mas não funcionou, diz Perosa, e
as mães foram convocadas para
substituí-los, deixando-os sozinhos nas ruas. "Foi assim que nasceu, na Inglaterra, a palavra adolescência como sinônimo de delinquência juvenil, e até hoje a nossa
cultura procura um lugar para
ela", diz o psicoterapeuta.
Para ele, ainda hoje não há um
lugar físico para essa faixa etária,
um lugar profissional ou afetivo
definidos. "Quem mais entende de
jovem é a agência de pesquisa de
mercado, porque reservou um lugarzinho para os jovens no shopping e os transformarou em consumidores."
(FG)
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