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SEXO E SAÚDE
"Tenho 21 anos e estou
apaixonado por uma
garota evangélica. Não
acredito em Deus e só
vou à igreja para ver essa garota. Ela é fervorosa em sua fé e eu estou
sendo falso. Não sei se
devo renunciar a essa
paixão ou continuar
bancando o cretino."
Não dá para forçar uma mudança falsa para ficar com alguém
JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA
Talvez você esteja sendo um pouco radical
em suas hipóteses para tentar encaminhar
sua vida afetiva. Já pensou que as duas situações que você conta (não acreditar em Deus e
estar apaixonado por uma garota evangélica)
não são necessariamente excludentes?
Explico melhor: você se diz ateu e, portanto,
não crê na existência de Deus. Essa é uma
convicção sua, que deve ser tão respeitada
quanto a convicção religiosa da garota por
quem você se apaixonou. Ela é evangélica e
fervorosa em sua fé.
Aparentemente, esses universos não se cruzam, e você decide frequentar o local em que
sabe que ela vai estar: a igreja. A partir daí,
passa a se sentir falso. OK, até aí você está certo! Mas já parou para pensar que, algumas vezes na vida, temporariamente, a gente tem de
fazer coisas de que não gosta ou em que não
acredita para alcançar alguns objetivos? Dentro de alguns limites morais e éticos, esse método é aceitável.
Mas chega a hora em que o método passa a
incomodar muito. E talvez essa seja a hora de
mudar. Na sua história, talvez seja o momento de deixar a igreja. Mas e sua garota? Provavelmente, ela faz outras atividades além de
frequentar a igreja. Ela deve estudar, trabalhar, ir a festas, visitar amigas etc. Que tal você
procurar encontrá-la nesses locais? Um papo
na saída da escola pode acontecer com mais
espaço e liberdade do que no culto.
E o papo entre vocês, como funciona? Às vezes duas pessoas com uma fé completamente
distinta podem ter um monte de pontos em
comum. Outras vezes, a distância é tão grande, que não há milagre que as aproxime. E papo e afinidade são dois itens fundamentais
quando a gente quer ter uma relação.
Aí resta saber se essa paixão que você sente é
correspondida pela garota. Porque, meu amigo, se rolar paixão e amor entre os dois, é muito mais fácil vencer barreiras e limites. Do
mesmo modo que a paixão pode render suas
convicções racionais, ela também pode ajudar
a garota a lidar com sua fé e com sua crença.
A paixão e o amor permitem que a gente
consiga lidar melhor com as diferenças. Assim, você talvez possa namorar uma garota
evangélica e não frequentar uma igreja.
P.S.: Ontem o Brasil deu o primeiro passo
para escolher seu novo presidente. Escrevo
esta coluna sem saber o resultado do primeiro
turno. Não podemos esquecer que vivemos
em uma democracia (conquistada a duras penas) e que é nosso dever mantê-la. Como no
caso do garoto acima, que não precisa começar a acreditar em Deus para viver sua paixão,
você não precisa necessariamente concordar
com o presidente eleito para lutar por um
futuro mais justo e
melhor para o nosso
país.
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