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CAPA
Bandas independentes que tocam no Rock in Rio anseiam por um contrato com uma grande gravadora
Entrar, tocar e rezar...
Vânia Delpoio/Folha Imagem
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O quinteto de Santos Cajamanga, que toca no último dia do festival |
"Na primeira
fase, fomos por nossa conta. Passamos fome e dormimos
no carro. Na segunda, ficamos em um hotel e pensamos: "Vida
de roqueiro é boa'!"
Marcelo Rocha,
vocalista do
Sem Destino
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MARCELO VALLETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Durante os sete dias do Rock in Rio, que
começa nesta sexta-feira, a atenção
dos frequentadores do festival será disputada por mais de cem atrações musicais. Entre elas, estarão as oito bandas
vencedoras do concurso Escalada do
Rock, selecionadas entre cerca de 2.500
grupos que enviaram fitas ou CDs demo
para a organização do festival. Destes, 72
foram escolhidos para as eliminatórias
do concurso, que se estenderam por três
meses.
Mas tocar no festival não é a coisa mais
importante para os integrantes dessas
bandas. O objetivo de todos é ser visto
por executivos de grandes gravadoras,
na esperança de conseguirem um contrato e realizarem o sonho de viver exclusivamente da música.
"O que a gente colheu de concreto até
agora foi toda essa repercussão na imprensa", diz Vinícius Sérgio, 28, o Vini,
baterista da banda Cajamanga, de Santos, que abre os shows da Tenda Brasil no
último dia do festival, 21 de janeiro -é a
única banda paulista entre os vencedores
do Escalada do Rock.
Como as outras sete bandas do Escalada que tocam na Tenda Brasil, espaço de
1.000 m2 que abrigará um público estimado em 2.400 pessoas -a oitava, a mineira Diesel, primeira colocada no concurso, vai tocar no Palco Mundo, o
maior do festival, também no dia 21-, a
Cajamanga se apresenta por apenas 20
minutos, a partir das 14h. "Tenho consciência de que nesse horário os grandes
da Sony, da Warner, da EMI, não vão estar lá, mas a experiência de tocar no Rock
in Rio vai ser do cacete. Só que a nossa
meta mesmo é um contrato com uma
gravadora", afirma Vini, um dos fundadores do Charlie Brown Jr. -que saiu do
festival em conjunto com O Rappa,
Skank e outros grupos-, banda que
abandonou em 1995.
Sobre o temor da repetição da experiência de artistas que participaram da
Escalada do Rock na edição passada do
festival, em 1991, como Vid & Sangue
Azul e Serguei, que não fizeram grande
sucesso após o evento, Vini afirma que
"o Rock in Rio é uma roleta". "O festival
evoluiu, o concurso foi muito bem-organizado, mas música não tem fórmula. É
tudo muito relativo. O Surto ficou em segundo lugar em uma edição do Skol
Rock, e hoje eles estão aí, tocando no Palco Mundo. De qualquer forma, vai ser
um bom ponto no nosso currículo."
Octávio Soares de Oliveira, 22, vocalista do Insight, grupo de João Pessoa que
toca no próximo sábado, também aposta
no festival como uma imensa vitrine.
"Queremos contatar produtores e gravadoras para conseguirmos viver do nosso
sonho", diz. A banda foi uma das finalistas do Skol Rock de 1999, quando tocou
no mesmo palco que o Offspring.
Marcelo Rocha, 26, vocalista do Sem
Destino, grupo da periferia de Brasília
que toca no próximo domingo, diz que
"a gente quer aparecer, nossa perspectiva é viver de música. Temos a esperança
de sermos reconhecidos, mais cedo ou
mais tarde". Rocha, atualmente desempregado, reconhece que, em termos práticos, a Tenda Brasil é a grande chance de
sua banda se tornar conhecida no resto
do país.
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