São Paulo, segunda-feira, 08 de março de 2004

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ESTANTE

Uma linda história de perdedores

LUÍS AUGUSTO FISCHER
COLUNISTA DA FOLHA

Não é muita novidade o fato de a melhor literatura ser feita com personagens perdedores. Perdedores sociais, perdedores afetivos, perdedores culturais. Desde que o romance é romance, os principais tipos que aparecem pertencem a essa parte da humanidade.
Em nossos dias, matéria-prima para romance não falta, porque não faltam experiências de perda e derrota. Uma das mais fortes talvez seja a do Afeganistão, aquele país que nós, aqui no Brasil, só conhecemos de ouvir falar. Fica para lá de Bagdá, literalmente. Lá, a ditadura comunista fez estragos consideráveis durante anos de ocupação; lá também a libertação do país ficou pelo caminho, porque logo brotaram conflitos que estavam silenciados.
Esse festival de horrores serviu de assunto para um escritor interessantíssimo chamado Atiq Rahimi, que teve mais um romance traduzido aqui, "As Mil Casas do Sonho e do Terror".
A narração é elíptica, mas eficaz, fornecendo aos poucos os elementos com que o leitor vai construir, em sua cabeça e em seu coração, um quadro de tristeza acachapante, que dá conta da vida de gente como a gente, que quer viver e ser feliz, mas tem pouca chance.

As Mil Casas do Sonho e do Terror
Autor: Atiq Rahimi (tradução de Marina Appenzeller)
Editora: Estação Liberdade (tel. 0/xx/11/ 3661-2881)
Quanto: R$ 27



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