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MÚSICA
Jair Oliveira lança "Outro", que mistura R&B, jazz e samba
Deixem que digam, que pensem, que falem
DA REPORTAGEM LOCAL
"Sou o único responsável pelo
disco, tanto pelas coisas
bem comentadas quanto pelas
criticadas." O modo como Jair
Oliveira fala de "Outro", seu segundo disco solo, pode parecer
pretensioso, mas, quando se trata de trabalho, o filho de Jair Rodrigues é mesmo centralizador.
Com carta-branca da gravadora Trama, ele compôs todas as
faixas -há apenas uma parceria
com Ed Motta e um poema musicado de José Domingos-,
produziu o disco, fez as programações e os arranjos, tocou teclado e violão e cantou.
O resultado é uma produção
refinada, que mescla samba de
raiz, samba-jazz e black music,
principalmente rhythm & blues,
fórmula semelhante à de seu disco de estréia, "Disritmia".
A principal diferença entre o
primeiro trabalho e "Outro" é
que o samba ganhou espaço. As
faixas "Dor de Ressaca", "Falso
Amor" e "Local Proibido" reabilitam velhos temas do gênero. A
primeira é uma leitura, na linha
Chico Buarque, da malandragem, e a segunda lembra os sambas de gente da velha-guarda como Nelson Sargento. Já "Local
Proibido" é um sambão rasgado
e malicioso, sem ser chulo.
Amor e relacionamentos são
os grandes motes de "Outro".
Mas as letras não carregam a
tristeza e a desilusão do primeiro
disco. ""Disritimia" era mais denso, eu tinha acabado de terminar
um relacionamento de sete anos.
Esse é mais alegre, o brasileiro
gosta de alegria", diz Oliveira.
"Nesse disco também falo de outros temas, como a violência de
São Paulo e os atentados que
aconteceram no ano passado."
Entretanto, o disco é cheio de
romantismo e tem alguns momentos bem melados, como a
música de trabalho "Bom Dia,
Anjo". Aliás, o ponto fraco de
"Outro" são as letras, com algumas exceções, entre elas "Uma
Outra Beleza", releitura de
"Sampa", de Caetano Veloso, e
"Vai e Volta", que inclui um texto de Ignácio de Loyola Brandão,
lido pelo escritor.
Ouvindo com atenção, os mais
de 70 minutos de "Outro" revelam um compositor compulsivo, que tem cerca de 180 músicas
na gaveta, e um produtor meticuloso -ele estudou produção
musical na conceituada Berkeley College of Music, nos EUA.
E ajudam a esquecer o Jairzinho da Turma do Balão Mágico,
conjunto infantil que precedeu o
programa diário da Xuxa nas
manhãs animadas da Globo.
Jairzinho é o primeiro dos integrantes do grupo a construir
uma carreira consistente.
A cantora Simony ficou mais
conhecida pelo "affair" com o
rapper Afro X e por um disco repleto de babas.
Morando em Londres, Mike
Biggs, outro integrante do grupo, está pré-produzindo o seu
primeiro trabalho solo. Segundo
ele, será um disco de pop inglês
com sotaque brasileiro. Resta esperar.
(GUILHERME WERNECK)
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