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M.Knox-Music propõe um levante niilista-emo-rocker
Engajamento político e poético
RICARDO TIBIU
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Depois de uma turnê pela Europa,
em meados de 2001, o mundo
perdia o furacão estonteante At the
Drive-In. Do racha que o grupo sofreu derivaram o emocional Sparta
e o tormento explosivo e psicodélico The Mars Volta. As duas novas
dádivas musicais já influenciam artistas ao redor do planeta; no Brasil,
não seria diferente.
Em São Paulo, com o fim do Out
of Season, em março de 2002, nasceu a espevitada M.Knox-Music,
que tem, em sua formação, Eduardo Catito (voz), 23, Rafael Tosi (baixo), 22, Paulo "Snoopy" (bateria),
24, e, nas guitarras, Bruno Girardello, 20, e Júnior (ex-Dance of Days),
26.
No começo do ano, lançaram, pela Bridge Recs, seu primeiro registro, "Music and Confrontation in
Such an Ugly Time". O nome da
banda faz referência ao casal Mickey e Mallory Knox, os personagens
de Woody Harrelson e Juliette Lewis em "Assassinos por Natureza",
filme de Oliver Stone.
"Vemos os protagonistas como
iconoclastas. A manifestação da insanidade do par expõe as chagas da
nossa sociedade", explica Catito.
Quando parte para a definição de
seu estilo, o grupo parece não se importar com o rótulo "emo", tão em
voga. "Na primeira vez em que falaram isso de nós, achei engraçado. É
estranho por ser um termo vago e
permissivo, mas dá publicidade, então, vamos usá-lo", admite Catito.
Mas seria injusto colocá-los nesse
nicho repleto de estereótipos. Eles
têm conteúdo, e o instrumental carrega um tom semiperfeccionista, de
bases consistentes. As melodias vocais são embaladas ora com lirismo,
ora com rancor. A niilista "You Also
Can Kill", primeiro clipe da banda,
em fase de edição, mostra isso. Os
temas abordados por Catito em
suas letras ganham várias entradas.
"Nós criticamos a vida cotidiana, a
dita sociedade do espetáculo, tendo
por base as teorias de nomes como
Raoul Vaneigem, Guy Debord,
Theodor Adorno, Karl Marx, Proudhon e outros", filosofa.
O discurso panfletário, porém,
não deixa de receber um tratamento poético e até mesmo apaixonado.
Como "Universal Idea of Rebellion", que encerra o disco de forma
crescente e quase psicotrópica. A letra exalta frases como "sem líderes,
deuses e mestres", além de falar sobre "bandeiras negras e vermelhas".
"Somos uma banda definitivamente anticapitalista. As bandeiras são
uma referência à revolução espanhola, em que o movimento revolucionário teve um de seus grandes
momentos", argumenta Catito.
A música "The Shame" enaltece a
derrubada do tabu sexual. "Chega
de homo e hétero. Esses rótulos
agem como limitadores ao nosso
prazer. Vamos ser todos sexuais e livres", vocifera Catito.
Se todo levante tivesse como trilha
uma canção do At The Drive-In ou
uma da M.Knox, o caos seria mais
musical e menos doentio.
Contatos: www.mknoxmusic.hpg.com.br
Bridge Recs: Caixa Postal 4.429, São Paulo,
SP, CEP 01061-970
Para ouvir a música "You Also Can Kill" e
trechos de outras canções da M.Knox-Music, ligue para 0/xx/11/3471-4000, opção
Música. O custo é só o da ligação.
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