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São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2003

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Moda busca valorizar aquilo que desperdiça

DA REPORTAGEM LOCAL

A moda é, por definição, um processo de valorizar o descartável. O que é legal vestir em determinada época torna-se absolutamente "antifashion" poucas temporadas depois, acionando o motor do consumo que acelera essa indústria.
Quatro estudantes do colégio Renovação subverteram essa regra ao confeccionar roupas com retalhos e materiais reaproveitados, quase todos recolhidos pelas ruas de São Paulo.
Danielle Jurado, Cláudio Carneiro, Érika Kawabata e Flávia Sasse, todos de 17 anos, reutilizaram os mais diversos resíduos, normalmente destinados ao lixo: bexigas usadas, pedaços de plástico-bolha, copos descartáveis, sacos de batata e de cebola, sacolas de supermercado, caixas de ovos e tampinhas de garrafa.
As roupas foram apresentadas em um desfile realizado na própria escola.
"Todo mundo joga fora coisas que a gente ainda pode utilizar. Fui ao Bom Retiro e consegui retalhos das confecções da região que viraram roupas inteiras. Eles dispensaram e a gente reaproveitou. Juntava tudo o que achava de interessante na rua. Levava para casa tudo o que achava legal", conta Danielle. "Dava até vergonha de andar com ela na rua. Ela pegava tudo", brinca Cláudio.
Quem vê as roupas produzidas pelo grupo muitas vezes não consegue perceber que foram feitas com material reaproveitado. São blusinhas, bustiês, saias, vestidos e jaquetas. "Todos ficaram muito curiosos depois do desfile porque as roupas não pareciam feitas de material encontrado no lixo", comenta Danielle.
Foi ela a responsável pela modelagem e pela costura. O resto da turma ajudou com a produção, com os convites (feitos com os CDs de provedores de internet que todo mundo está cansado de receber) e com o cenário, feito de papel reciclado.
Algumas peças, como a jaqueta de copos de plástico desfiados, a saia de crochê feita com sacolas de supermercado e a blusa de bexigas, são até mesmo comercializáveis. "E não foi só isso o que encontramos nos lixos. Lá tem muita coisa boa, que pode ser aproveitada", conta Danielle. Contato: tel. 0/xx/11/ 9879-1528. (FM)


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